quinta-feira, 28 de julho de 2011

« Cidade do México penaliza assassínios de mulheres por razões de género




Assassinar uma mulher por razões de género passou a ser um crime tipificado no Código Penal do distrito do México e as condenações podem ir dos 20 aos 60 anos de prisão. Nos últimos dois anos foram mortas naquela região mais de 200 mulheres.

A mudança que agora entrou em vigor no Código Penal do distrito a que pertence a capital mexicana não se refere a todos os assassínios de mulheres, mas sim àqueles que foram motivados por questões de género, os casos “em que a vítima apresente sinais de violência sexual de qualquer tipo”. Os assassínios na sequência de violações, por exemplo, ou de violência doméstica.

A reforma penal já tinha sido aprovada em Junho pela assembleia legislativa local, mas foi agora publicada. Na nova lei é tipificado o crime de “feminicídio” para os casos de violência sexual ou “mutilações prévias ou posteriores à privação da vida”.

Organizações como a Amnistia Internacional têm vindo a denunciar o aumento destes crimes no México, o que estará relacionado com uma elevada taxa de impunidade e com dificuldades no acesso à justiça. Só nos arredores da capital mexicana foram assassinadas 203 mulheres por questões de género entre Janeiro de 2009 e Dezembro de 2010, segundo o Observatório Nacional de Feminicídio no México. Dessas, 108 tinham entre 21 e 40 anos de idade.

O Governo local do distrito do México adiantou em comunicado que, de acordo com a nova legislação, serão considerados “feminicídios” os casos em que tenha havido ameaças ou em que a vítima tenha sido alvo de violência ou quaisquer tipo de lesões, bem como as situações em que o corpo seja exposto ou deixado num local público, adiantou a agência EFE. Nestes casos, é muito comum a vítima ter estado incomunicável mesmo antes de ter sido assassinada.

Estes crimes podem agora ser condenados a penas que vão dos 20 aos 50 anos de detenção, mas nos casos em que exista uma relação sentimental entre o agressor e a vítima, qualquer relação de parentesco ou de confiança, a moldura penal aumenta, sendo a pena mínima de 30 anos e a máxima de 60 anos de detenção.

O chefe de governo do Distrito Federal do México, Marcelo Ebrard, considerou que este é “um passo para construir uma sociedade onde exista efectivamente igualdade e as mulheres vivam livres de violência”. Os dois novos artigos inscritos na legislação distrital determinam que os assassínios de mulheres por questões de género devem ser investigados recorrendo a procedimentos como o registo fotográfico da vítima e a descrição das sua lesões, bem como a recolha de amostras de ADN que devem ser catalogadas numa base de dados genéticos. »


segunda-feira, 25 de julho de 2011

"A Desfolhada Portuguesa" - Ary dos Santos


Corpo de linho
lábios de mosto
meu corpo lindo
meu fogo posto.

Eira de milho
luar de Agosto
quem faz um filho
fá-lo por gosto.


É milho-rei
milho vermelho
cravo de carne
bago de amor


filho de um rei
que sendo velho
volta a nascer
quando há calor.


Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.


Minha raiz de pinho verde
meu céu azul tocando a serra
oh minha mágoa e minha sede
oh mar ao sul da minha terra.

É trigo loiro
é além tejo
o meu país

neste momento
o sol o queima
o vento o beija
seara louca em movimento.


Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.


Olhos de amêndoa
cisterna escura
onde se alpendra
a desventura.


Moira escondida
moira encantada
lenda perdida
lenda encontrada.


Oh minha terra
minha aventura
casca de noz
desamparada.


Oh minha terra
minha lonjura
por mim perdida
por mim achada.

Interpretação de Simone de Oliveira na Eurovisão de 1969:



Interpretação de A Naifa:



Interpretação de Ana Vasconcelos: