domingo, 10 de novembro de 2013

Os muitos uniformes da cultura da violação

<b>AR Wear</b>
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Esta ideia de uma peça de vestuário (ou outro objecto) que “proteja as mulheres” da violação não é particularmente nova nem particularmente avançada — excepto, talvez, nas componentes mais tecnológicas. No campo da ficção, por exemplo, lembro-me de ler no "Snow Crash" de Neal Stephenson a existência de um dispositivo chamado dentata (do latim “vagina dentata”, vagina com dentes) que incapacitava um agressor masculino assim que ele penetrasse a mulher.

Ora, o falhanço espectacular aqui — e frequentemente repetido ao longo da História, com ditames variados sobre a decência de vestuário — está em, mais uma vez, deslocar o ónus da situação sobre as pessoas mais vitimizadas. Primeiro, por querer estruturar o seu comportamento (“Se não queres ser violada tens que vestir isto. Não tinhas isto vestido? Então se calhar a culpa também é tua.”); segundo, por querer estruturar a atenção e recursos para longe dos agressores (Imagine-se o quão hilariante seria se a inexistência de um dispositivo de castidade num homem desse azo a suspeitas de que ele é violador; mas a suposição contrária já é, de alguma forma, validada contra as mulheres). Não vou repetir os argumentos da presidente da UMAR, que subscrevo, para completar o meu raciocínio. No fundo, tudo se poderia resumir a isto: para não serem violadas, as mulheres têm que fazer A, B, C, D... (É só ignorar que as mulheres que fazem tudo isso são também alvo de violação!). Os homens, ao que parece, não têm nada a ver com a situação, nem têm que fazer nada. Pode-se gastar dinheiro, mas é a coarctar e determinar o que uma mulher pode/deve usar.

Parece-vos que algo aqui está estranho? A mim também. Não sou apologista de uma postura meramente reactiva — se estamos numa cultura machista e patriarcal, que tantas vezes trata os corpos de não-homens como coisas inferiores das quais se pode dispor livremente, então é sobre essa cultura (da violação). Tal como no caso da SlutWalkou como no caso dos piropos, a solução tem também de ser proactiva. Ensinar (os homens) a respeitar, ensinar (os homens) a ouvir e calar durante um bocado, ensinar o valor do consentimento — ensinar que, nas suas várias cambiantes, “Não é Não!” e que, conexamente, “Sim é Sim!” quando esse “Sim” surge dentro de um ambiente de respeito, reflexividade e comunicação.

Isso passa também por lembrar que “violação” não é apenas “penetração vaginal ou anal”, por lembrar que boa parte das violações são feitas por pessoas que conhecem as vítimas, e por lembrar que assistimos diariamente a violações em micro-escala quando olhamos para situações de assédio, de piropos não-requisitados, de olhares objectificantes.

Até ao dia em que as pessoas concordem (ou pelo menos a maioria delas!) que um “Não” nunca pode ser traduzido por “Aqui está um desafio para ver se consegues chegar ao Sim”. Porque o consentimento não é uma ideia óbvia, simples e fácil de colocar em prática, dada a quantidade de (maus) reflexos condicionados que temos, e sim uma componente crítica e complexa das relações inter-pessoais, que é frequentemente atropelada (“Não queres? Vá lá, é só irmos beber um copo! Mesmo? Oh... mas assim eu fico triste. Vem lá, vá... Ah, dizes que não mas bem se vê que até tens vontade de ir dar um pezinho de dança... Não?... Mas tu danças tão bem!, vem lá!...” — repetir durante meia hora) sem sequer nos darmos conta ou, como no caso dos piropos, descartada como histeria quando é apontada.

São estes os vários uniformes da cultura da violação: o uniforme da roupa, sim; mas também o da 'brincadeira', o do 'jogo', o do 'dizes-não-mas-os-olhos-dizem-sim'... E, como afirma uma famosa frase muito usada nas Slutwalks, “Não digam às mulheres o que vestir, digam aos homens para não violar”.

Crónica de Daniel Cardoso.
Fonte: P3.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Como um simples comentário justifica a necessidade imperiosa do feminismo

Já não é novidade que os comentários anónimos que vêm parar ao Diário das "Fêmeas" são já um legado. Este, é provavelmente o mais ridículo de todos. Foi feito a 19 de Abril de 2013 no post "Uma Performance Dedicada a Amina (Condenada à Morte Por Defender o Direito Sobre o Seu Corpo)", o que o torna ainda mais desconcertante. Tão desconcertante que estive estes meses a tentar perceber o que fazer com ele. Se aceitá-lo simplesmente ou se dar-lhe visibilidade, mostrando, dessa forma, que este tipo de pessoas existe e é extremamente necessário lutar contra elas. Mas fica então aqui o dito comentário. Riam-se, se conseguirem.


"não há que enganar, nem como negar: mulheres são todas p***s sem excepção.

sentem atracção única e exclusivamente por ricos, mafiosos, canalhas, traficantes e barões da droga, "alfas", musculados, etc, etc
todos os outros homens, que são 80% ou 90% da população, pura e simplesmente são invísiveis aos olhos de qualquer mulher!

depois, claro, levam merecidamente nos cornos e vão chorar ou queixar-se a alguém, geralmente um "beta" normal, que "os homens não prestam! são todos iguais! buááá!"
vão-se foder, suas hipócritas, vocês só gostam é assim, atracção é por mafiosos, canalhas, ricos.
o resto do "gado" para vocês é inferior, e só serve para pagar contas e fazer favores.
vocês deram cabo da minha vida, destroçaram-na de alto a baixo, humilharam-me de fio a pavio e ainda se riram. 
então não tenho peninha nenhuma de vocês quando são espancadas por algum "alfa" ou por algum criminoso.
vão-se queixar ao caralho. vocês gostam de apanhar, essa é que é essa. e merecem.
por isso, não venham cá com hipocrisias e lágrimas de crocodilo de que"homens são todos iguais"
são todos iguais o c*****o. vocês, sim, são todas iguais sem excepção, apenas existem as mais descaradas e as menos.
queixam-se de "opressão" e "falta de liberdade", mas hoje em dia, qualquer monte de banha feiosa e rídicula humilha e faz o que quer de qualquer homem. e ainda se ri por trás. 
e ainda diz na cara que só gosta de ricos e "famosos".
vão-se foder, mais a merda da vossa ideologia marxista.
espero que as feministas ardam todas...
vocês não merecem uma réstiazinha de respeito, amor ou sequer atenção. é desprezo puro e simples, e acabou, é a única forma de lidar com escumalha como vocês.
depois vemos quem ri melhor, quando envelhecerem sozinhas e solteiras."

Não sei quem vai envelhecer sozinho e solteiro, não....  

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Portugal volta a cair em ranking sobre igualdade de género

"A educação foi o único sector em que Portugal conseguiu melhorar o resultado Portugal é um país cada vez mais desigual para homens e mulheres e voltou a cair na avaliação feita pelo Fórum Económico Mundial, ocupando agora o 51.º lugar no ranking sobre igualdade de género – o que o coloca como o 11º país com um pior resultado dentro da União Europeia.

A educação foi o único sector em que Portugal conseguiu melhorar o resultado
Fonte: Público
O resultado português é o pior desde 2006, o primeiro ano em que o Fórum Económico Mundial publicou este documento e em que o país ficou em 33.º lugar. Em 2007 caiu para 37.º, em 2008 para 39.º e em 2009 para 46.º. Em 2010, Portugal conseguiu melhorar e subir para a 32.ª posição, mas em 2011 já voltou a perder em algumas categorias e voltou para 35.º e em 2012 desceu ainda mais, para a 47.ª posição. No período de apenas um ano a situação agravou-se e no relatório lê-se que o resultado pode ficar a dever-se à “quebra nos rendimentos” do trabalho a que se assiste no país.

Além da posição do ranking, o relatório atribui também um índice a cada país que varia entre zero e um (onde um representa a igualdade total) e no qual Portugal conseguiu um registo de 0.7056 nesta edição de 2013 que contou com dados de 136 países.

Para este valor contribui a avaliação feita pelo documento em várias áreas, nomeadamente oportunidades e participação económica, em que o país fica em 56.º lugar, piorando uma posição em relação ao ano passado. Em termos de educação subiu, contudo, da 57.ª para a 56.ª posição e no campo da sobrevivência e saúde manteve-se no lugar 83.º. A área da participação política é, ainda assim, aquela em que o país tem melhor posição, mas piorou do 43.º lugar para o 46.º.

A redução da desigualdade na Europa apresenta uma polarização, com um grande contraste entre a Europa ocidental e do Norte, por um lado, e a Europa do Sul e oriental, por outro lado, diz o Fórum Económico Mundial.

Olhando apenas para a União Europeia, a lista é encabeçada pela Finlândia (que é aliás a número dois a nível mundial), seguindo-se Suécia, Irlanda, Dinamarca, Bélgica, Letónia, Holanda, Alemanha, Reino Unido, Áustria, Luxemburgo, Lituânia, Espanha, Eslovénia, Bulgária, França e Croácia, que é o último país a ficar à frente de Portugal, em 49.º lugar. Pior que os portugueses estão dez países: Polónia, Estónia, Roménia, Itália, Eslováquia, Chipre, Grécia, República Checa, Malta e, por fim, Hungria, na 87.ª posição.

O resultado português vai em linha contrária à tendência mundial. A nível global, os países conseguiram reduzir as desigualdades entre homens e mulheres, com excepção do Médio Oriente e África do Norte, sendo o Iémen o país com um pior desempenho.



Da Islândia ao Iémen

Aliás, a lista dos países onde existem menores diferenças é encabeçada pela Islândia, seguida da Finlândia, Noruega e Suécia. Mas logo na quinta posição surgem as Filipinas, seguidas pela Irlanda, Nova Zelândia, Dinamarca, Suíça, Nicarágua, Bélgica, Letónia, Holanda, Alemanha, Cuba, Lesoto, África do Sul, Reino Unido, Áustria e Canadá.

Pela negativa, na cauda da lista, entre os últimos países estão antes do Iémen, o Paquistão, Chade, Síria, Mauritânia, Costa do Marfim, Irão, Marrocos, Mali e Arábia Saudita. Perto do fim da lista também se encontram países como a Turquia (120º lugar) ou a Hungria (87º).

Em comunicado, o Fórum Económico Mundial destaca que na América Latina e nas Caraíbas a desigualdade de género caiu 70% em 2013 – o melhor resultado a nível global. Também olhando para os números no seu todo, é possível perceber que os maiores progressos desde 2006 têm sido feitos na área da saúde e sobrevivência, seguindo-se a educação.

Mulheres na liderança: “um imperativo para hoje”

a igualdade económica e a participação política têm sido mais lentas a evoluir e são, aliás, responsáveis pelo atraso da maioria dos países, pelo que apesar de ter havido uma melhoria geral no segundo ponto de 2% ainda só se conseguiu reduzir as assimetrias em cerca de 20%. “Tanto nos países emergentes como nos desenvolvidos há poucas mulheres ocupando cargos de liderança económica, comparativamente com o número de mulheres no ensino superior e no mercado de trabalho em geral”, salienta o documento.

“É imprescindível que os países comecem a desenvolver uma visão diferente do capital humano – inclusive na maneira como impulsionam as mulheres para os cargos de liderança. Esta revolução mental e prática não é uma meta para o futuro, é um imperativo para hoje”, sublinha Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Económico Mundial, no mesmo comunicado."

Fonte: Público.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

«POR ELES JAMAIS OPRIMIDAS!»


Anda pela rua, Maria, sozinha
De passo ligeiro, "vadia", "putinha"

A olhar para trás, sabia, "presinha"
Pelo único caminho, pedia calmia

Encostado à parede, grunhia, Alfredo
De olhar aguçado, sorria, nojento

Ao seu lado disse, baixinho, contente,
«Dá-me uma trinquinha, menina indecente!»



ANDA MAIS RÁPIDO, MARIA
CORRE SEM DONO, SOZINHA
COM GARRAS E DENTES, FRIA
COMBATE POR TI, FERIDA

CORRE E DEIXA RASTO, CAMINHA
ENFRENTA O MEDO, CAMILA
SOZINHA NÃO MAIS, COMBINAM
«POR ELES JAMAIS OPRIMIDA!»


"- Pega um chupa, fofinha, bonita"
- Pega um estalo, machão, taradão
"- Queres boleia, menina, jeitosinha?"
- Queres sodomia, João, sabichão?

"- Anda cá ao ourives, ò jóia, lindinha"
- Anda cá à coveira, ò jargão porcalhão
"- És como um helicóptero, boa e gira"
- És como o estrume, antro de podridão.


ANDA MAIS RÁPIDO, MARIA
CORRE SEM DONO, SOZINHA
COM GARRAS E DENTES, FRIA
COMBATE POR TI, FERIDA

CORRE E DEIXA RASTO, CAMINHA
ENFRENTA O MEDO, CAMILA
SOZINHA NÃO MAIS, COMBINAM
«POR ELES JAMAIS OPRIMIDA!»


Feminista do Diabo




domingo, 8 de setembro de 2013

O Problema Dos Feminismos ou Os Preparativos Para O Colapso Feminista

Não há como entender a obcessão que alguns grupos, instituições ou pessoas feministas têm por criticar outros grupos, instituições ou pessoas feministas. A existência de vários feminismos tornou-se, por este motivo, evidente. Tão evidente quanto enfraquecedora do feminismo enquanto movimento geral de luta pela igualdade entre géneros. Dessa pluralidade de um feminismo enfraquecido muito poucos resultados significativos se retiram. 

Ora se criticam feministas que mostram as mamas, ora se criticam feministas que usam burka; ora se critica o activismo "radical" de umas, ora se critica o activismo quase passivo de outras; porque são "femininas", porque são "masculinas"; porque mostram a cara, porque não mostram a cara; a agressividade no diálogo, a "simpatia" no discurso; falar da vida sexual, não falar; nunca fazer a depilação, fazer sempre a depilação; não usar maquilhagem, usar muita maquilhagem; ser "magra", ser "gorda"; ser "cuidada", ser "desleixada"; ser lésbica, ser heterosexual; não fazer tarefas domésticas, fazê-las; não sorrir, sorrir; tirar macacos do nariz, não tirar; etc.

No meio de tantas críticas feministas a outr@s feministas o objectivo comum a tod@s passa para segundo plano e tudo quase se torna numa competição mesquinha e retardada para descobrir quem é "A Mais Feminista De Todas". Quase, eu disse quase.

Nós, as feministas distraímo-nos do que é essencial, perdemos o nosso tempo com isto, e os anti-feministas e machistas deleitam-se. Acabam, no fundo, por ficar com o trabalho simplificado face a um feminismo que está a implodir e que se irá auto-destruir, caso continue assim, causando mais danos (retrocessos, se quiserem ser pessimistas) do que conquistas efectivas. O feminismo está, por isso, não só ameaçado pelos anti-feministas e machistas, mas também ameaçado pel@s própri@s feministas.

Impõe-se uma união feminista (logo, fortalecimento feminista) e exige-se com urgência, porque, convenhamos, apesar das diferenças que identificam cada tipo de feminismo, a causa, a luta que em nós se entranhou, é comum: o fim do patricarcado. Esse deve ser o foco. Foquemo-nos!


Feministas de todo o mundo, uni-vos!



Razões para ser anti-feminista:

  1. Ser machista.
Fim.




sábado, 17 de agosto de 2013

Atletas russas beijam-se no pódio, no meio da polémica da lei "anti gay"

Após conquistarem o ouro no revezamento 4 x 400 no Mundial de atletismo de Moscou, as russas Kseniya Ryzhova e Tatyana Firova se beijaram na boca em cima do pódio.

O gesto das atletas ocorreu em meio à polêmica com a lei antigay na Rússia. Aprovada pelo presidente russo Vladimir Putin em junho, a lei proíbe a apologia a manifestações homossexuais.

Vários países reprovaram o decreto e cogitaram boicotar os Jogos de Inverno de Sochi, em 2014.

Kseniya Ryzhova e Tatyana Firo se beijam na boca em cima do pódio
Kseniya Ryzhova e Tatyana Firo se beijam na boca em cima do pódio. Fonte: Folha de S. Paulo.

A discussão ganhou mais força quando Ielena Isinbaieva, maior nome do salto com vara na atualidade, mostrou-se favorável à lei. Depois, ela disse que foi mal interpretada.

A saltadora sueca Emma Green Tregaro chegou a usar esmaltes nas cores do arco-íris para protestar contra a lei antigay, mas depois pintou as unhas de vermelho com medo de seu país sofrer uma retaliação.

"Estou surpresa com a imensa reação a isso [unhas pintadas], mas estou feliz porque é muito positivo. Os dirigentes estão intercedendo por mim, mas não quero que a federação de meu país sofra por isso", afirmou a atleta.

Manifestações de cunho político, religioso ou comercial, por exemplo, podem levar até a desclassificação em campeonatos como Mundiais e Olimpíadas.

Fonte: Folha de S. Paulo.

Burka Avenger: super-heroína que luta pela educação

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Protagonista de série de animação é uma professora primária que com livros e canetas luta pela educação das jovens do seu país. Mas nem todos gostam da "burka".



Uma série de animação paquistanesa tem estado nas bocas do mundo. Só no Youtube, o primeiro episódio foi visto por mais de 48 mil utilizadores em apenas uma semana e a página de facebook já conta com mais de 40 mil “gostos”.

Tudo por causa de uma super-heroína pouco convencional: “Burka Avenger” conta a história de Jiya, uma professora primária cujo alter-ego usa "burka" e luta pela paz, pela justiça e pela educação para todos, armada apenas com livros e canetas e ajudada por três crianças e uma cabra. Um malfadado mágico e um político corrupto que pretendem acabar com as escolas são os vilões da história, sempre ajudados pelos fundamentalistas.

"Burka Avenger" tocou na ferida de um país onde a percentagem de mulheres com mais de 15 anos que conseguem ler e escrever é apenas de 40.3% da população (em Portugal, a percentagem situa-se nos 93.6% e a média mundial nos 79.7%). E convém salientar que a história tem semelhanças com a de Malala Yousafzai, uma paquistanesa adolescente, activista pela educação das raparigas do seu país, e que sobreviveu, miraculosamente, a um atentado dos talibans, em Outubro de 2012, quando foi baleada na cabeça. Malala Yousafzai, transformada num ícone do activismo, discursou no mês passado na sede da ONU. 

Em declarações à AFP, Haroon Rashid, o criador da série, um cantor e compositor anglo-paquistanês, afirma haver planos para a tradução do programa (que estreou no Paquistão num canal privado a 28 de Julho) em 18 outras línguas.


O exemplo o estereótipo?
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Um programa infantil, num país onde a programação para crianças quase não existe, ainda para mais protagonizado por uma mulher - também elas sem voz voz na sociedade -, tem desencadeado reacções à escala mundial.

No primeiro episódio, a protagonista diz mesmo: "Se queres ser bem-sucedido, torna as canetas e os livros os teus melhores amigos". "Este é o meu tipo de super-herói", pode ler-se em múltiplas crónicas. "A reacção das pessoas tem sido absolutamente fenomenal, muito para além das nossas expectativas", disse também o cantor à AFP .

O disfarce através da "burka" tem sido, no entanto, uma escolha muito criticada. Muitos se perguntam o quão apropriado é o seu uso, geralmente considerado um símbolo de opressão, como ferramenta de promoção do fortalecimento do poder das mulheres. Rashid afasta as críticas: "Ela não usa a "burka" porque é oprimida. Ela usa-a, ela escolhe usá-la, para esconder a sua identidade, da mesma maneira que os outros super-heróis usam outros fatos para o fazer. Como a "Catwoman" ou o "Batman"", conta à CNN. O cantor também chama a atenção para o facto da protagonista não a usar sem ser em acção e acrescenta ainda que a "burka" faz parte da cultura do país, quer se queira, quer não.

A escritora paquistanesa Bina Shah tem sido uma das vozes que mais se tem insurgido, nomeadamente através do seu blog: "As jovens paquistanesas precisam de perceber que não é natural terem que viver escondidas para sentirem que têm uma presença na sociedade aceitável, segura… Ficarei horrificada se perceber que meninas pequenas começaram a usar a "burca" em imitação da sua heroína." Para a indiana NDTV, adianta: "A mensagem que gostaria que os criadores passassem era a de que, para fazer a diferença na sociedade, as mulheres não podem permanecer invisíveis enquanto se dedicam a uma luta, seja ela qual for."

Quanto à coincidência entre a história de Malala e a da série, Haroon Rashid afirma que já se encontrava a desenvolver o projecto quando a tragédia ocorreu, e que ficaram chocados, pois “parecia que a vida real estava a imitar a nossa ideia”, contou também ao Washington Post.


FONTE: P3.

terça-feira, 16 de julho de 2013

//gender|o|noise\\ - Workshop e Concerto de Tara Transitory no Porto

Tara Transitory é um(a) artista contemporâne@ conhecid@ pelo seu trabalho na área dos esteriótipos de género e temas transgénero. Tara, também identificad@ como One Man Nation, vem ao Porto dar um workshop e um concerto, actividades a não perder.

Mais informações:


* Workshop //gender|o|noise\\ | 19/07/2013 | La Marmita (Gaia) | 17h (4 horas) | 20€ - 25€

* Concerto One Man Nation | 20/07/2013 | Sonoscopia (Porto) | 21h |

Nota: o workshop está disponível apenas para pessoas que não se identifiquem como homem. Se, ainda assim, pessoas identificadas como homen estiverem interessadas em participar, devem comparecer vestidos de forma "feminina".

Nota: os interessados em participar no workshop devem inscrever-se no La Marmita via e-mail: la.marmita.prod@gmail.com ou ddmatthee@gmail.com.


"Tara Transitory surge num contexto contrahegemónico, onde através da música experimental procura a sua liberdade individual (e espiritual), recusando tomar partido de uma sociedade baseada no determismo biológico. Transitory nasceu em Singapura em 1982, sendo chamad@ à nescença de Marc Chia Xiangrong. A sua carreira musical começou em 2003 como "punk rocker" como nome artístico de Marcos Destructos. Tem desde então trabalhado e conquistado reconhecimento em diversos países da Austrália à Europa com projectos como "One Man Nation's Rained, Bullets It Rained" (2007), "Voluntary Human Extinction" (2007) ou "The Future Sounds Of Folk" (2008), frequentemente em colaboração com outros artistas. Transitory dedica-se ainda ao trabalho ligado às comunidades transgender/queer da Ásia e de Espanha quanto dirige a sua associação de apoio às artes experimentais, The Unifiedfield, fundada em 2010 e actualmente localizada em Granada, Espanha. A solo continua a desenvolver o seu projecto musical One Man Nation, projecto este que irá ser apresentado na cidade do Porto, dia 20 de Julho de 2013 na associação/plataforma Sonoscopia, e tem vindo também a ministrar um workshop, o qual intitula de "gender-o-noise" e que dinamizará no La Marmita, cais de Gaia (Porto), no dia 19 de Julho, um evento organizado pelo GATA."

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Facebook promete tomar medidas contra violência de género

"Depois de um boicote publicitário promovido por grupos feministas, rede social admitiu falta de supervisão sobre conteúdos que promovem a violência contra a mulher e promete soluções.

O Facebook reconheceu, esta terça-feira, a sua falta de supervisão sobre conteúdos que promovem a violência contra a mulher na sua rede social e prometeu soluções em resposta a um boicote publicitário promovido por grupos feministas. Num texto publicado na sua página Facebook Safety, a empresa admite que os seus “sistemas para identificar e eliminar discursos de ódio não têm funcionado” como deveriam, em particular, “no que se refere à violência de género”.

“Em alguns casos, o conteúdo não é apagado tão rápido como gostaríamos. Em outros, o conteúdo que deveria ser eliminado não foi ou foi avaliado com critérios desfasados”, segundo indicou a vice-presidente da Política Pública Global do Facebook, Marne Levine. O Facebook reiterou a sua vontade de continuar a fomentar a liberdade de expressão na sua rede social, apesar de reconhecer que deve prestar mais atenção ao que publicam os seus mais de 1.000 milhões de utilizadores. “Precisamos de melhorar e iremos fazê-lo”, disse Levine.

A decisão do Facebook ocorre depois de, no passado dia 21, diversas associações terem enviado à direcção da rede social uma carta aberta em que pediam que deixasse de tolerar as mensagens que aplaudem comportamentos agressivos contra a mulher. Nessa missiva, anunciava-se uma campanha para dar a conhecer aos anunciantes para que deixassem de publicitar-se no Facebook até que a equipa de Mark Zuckerberg reagisse.

“Os participantes enviaram mais de 60.000 'tweets' e 5.000 mensagens de correio eletrónico e a nossa coligação [subscritores da carta] cresceu até superar a centena de grupos a favor da mulher e organizações de justiça social”, assegurou a Women, Action & the Media, em comunicado.

Contra o "discurso do ódio"

No total, 15 empresas aliaram-se ao boicote do Facebook, algumas de grande dimensão como a Nissan no Reino Unido. As organizações queixavam-se de o Facebook alojar páginas como “violar com violência a tua amiga só para te rires”, “Violar a tua noiva e muitas, muitas mais”, permitindo ainda fotografias de mulheres a serem atacadas, feridas, maniatadas, drogadas e a sangrar.


“Proibimos conteúdo considerado danoso de forma directa, mas permitimos conteúdo que é ofensivo ou controverso”, clarificou Levine, apontando que o Facebook também condena o “discurso do ódio” no qual se inclui a violência do género.

O Facebook elencou uma série de medidas de aplicação imediata para “assegurar que tal não volte a suceder na comunidade” de utilizadores, as quais passam nomeadamente por rever as directrizes para avaliar os conteúdos, actualizar a formação das suas equipas que filtram conteúdos nocivos e expor a identidade real de quem utiliza o Facebook para incitar ao ódio."


FONTE: P3.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Maioria dos jovens acha normal a violência no namoro

Maioria dos jovens acha normal a violência no namoro
Imagem retidada do Diário de Notícia. Todos os direitos reservados.

885 alunos, com idades dos 11 aos 18 anos, consideram legítimos comportamentos abusivos com as namoradas ou namorados, segundo inquérito feito pela UMAR.
Mais de metade dos rapazes e das raparigas acham que é normal proibir a namorada/o de vestir certas roupas e de sair com determinados amigos/as.

Entre os rapazes, 5% considera que agredir a namorada ao ponto de deixar marcas não é ser violento. 25% dos rapazes e 13,3% das raparigas entendem que humilhar a namorada/o é legítimo e que ameaçar a namorada ou o namorado é normal (15,65% dos rapazes acha que sim e 5% das raparigas também).

Estas respostas foram obtida nas respostas a um questionário feito a uma amostra de 885 alunos de escolas de Porto e de Braga no âmbito do Projeto Mudanças com Arte da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta)."


FONTE: Diário de Notícias.



Digam-me uma vez mais que o feminismo já não é necessário.



segunda-feira, 1 de abril de 2013

Uma performance dedicada a Amina (condenada à morte por defender o direito sobre o seu corpo)


«Sometimiento (Submissão)»
Lola Duarte (Colômbia)
"Criei esta performance em memória de Amina, uma jovem que um clérigo muçulmano condenou à morte por apedrejamento pelo facto de Amina, uma tunisiana de 19 anos, se ter atrevido a espalhar nas redes sociais uma fotografia dela em topless com uma frase em árabe em que se manifestou pelos direitos das mulheres ... Eu sou uma mulher, activista, artista, e eu também sinto a dor pela morte dela."

Lola Duarte

A frase em árabe dizia: «O meu corpo pertence-me e não representa a honra de ninguém».



FONTE: A Funda São

segunda-feira, 18 de março de 2013

Que imagem passam das mulheres, os nossos órgãos de comunicação social?

"Há jornais com uma visão redutora das mulheres"


Carla Cerqueira analisou 727 conteúdos publicados ao longo de 32 anos

Uma investigação do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho conclui que a imprensa portuguesa transmite uma visão dicotómica das mulheres: ou são seres "especiais" que conseguem triunfar num mundo "dominado por homens" ou vítimas incapazes de fugir de uma situação de subalternidade.

Esta homogeneização faz com que os cidadãos tenham uma percepção redutora do papel das mulheres na sociedade, alerta Carla Cerqueira, que dedicou o doutoramento à cobertura do Dia Internacional da Mulher em dois jornais nacionais, desde 1975 até 2007.
O estudo teve como objectivo analisar a evolução da cobertura jornalística desta efeméride na imprensa portuguesa, ou seja, averiguar de que forma as mulheres, as associações e os temas de género têm sido representados ao longo de mais de três décadas. A análise pormenorizada de 727 notícias do Jornal de Notícias (JN) e Diário de Notícias (DN) demonstra a falta de "substância" no tratamento dos conteúdos, nomeadamente no que diz respeito a temas relacionados com a ascensão profissional e a violência doméstica.
“As questões estruturais que estão na base das desigualdades experienciadas no mercado do trabalho não são destacadas. Nestas peças, as mulheres assumem relevância noticiosa pelo que fazem, mas nunca deixam de ser o que são: mulheres, mães, esposas", explica Carla Cerqueira, que é professora do Instituto de Ciências Sociais. Quanto à violência doméstica, os media aproveitam sobretudo este Dia para apresentar dados estatísticos, estudos científicos ou casos pessoais exemplificativos, negligenciando os contextos socio-históricos e as dimensões psicossociais.
O tópico mais enfatizado pelos repórteres é a igualdade, definida como a capacidade para inverter os papéis tradicionais de género: "As mulheres são noticiosamente construídas com características tradicionalmente associadas ao 'padrão masculino', isto é, como casos excepcionais", sublinha a investigadora. A análise mostra ainda que os conteúdos foram frequentemente tratados com perspectivas "muito parecidas", transmitindo apenas algumas das realidades destas mulheres em detrimento de outras com igual relevância.

A estereotipização jornalística do sexo feminino está associada a questões estruturais, que assentam na desigualdade de género e "precisam urgentemente" de ser desconstruídas. "Trata-se de um terreno complexo que exige um trabalho de educação para a inclusão e para a diversidade nos vários campos da sociedade", reforça a investigadora. Para além de ter analisado mais de sete centenas de artigos, Carla Cerqueira entrevistou cerca de duas dezenas de jornalistas, fotojornalistas e directores, bem como porta-vozes das associações de promoção da igualdade de género, feministas e activistas ligadas ao Dia Internacional da Mulher.
Biografia

A investigadora de 30 anos é natural de Vila Verde, Braga. Doutorada em Ciências da Comunicação pela UMinho, dedica-se sobretudo aos estudos sobre género e media. Em Janeiro de 2013 iniciou o pós-doutoramento «Olhando por dentro da cidadania e da igualdade de género: as (des)conexões entre a cultura jornalística e as estratégias de comunicação das organizações não governamentais».

O trabalho está a ser orientado por Rosa Cabecinhas, professora do Instituto de Ciências Sociais da academia, Liesbet van Zoonen, da Universidade de Loughborough  (Reino Unido), e Juana Gallego Ayala, da Universidade Autónoma de Barcelona (Espanha). A investigadora é ainda vice-chair da secção de Género e Comunicação da European Communication Research and Education Association.

FONTE: Ciência Hoje.

sexta-feira, 15 de março de 2013

"Pessoas feministas são mais felizes no amor"

Imagem retirada do Google. Todos os direitos reservados.

«Psicólogos da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, conversaram com mais de 500 pessoas (homens e mulheres) para descobrir a relação entre feminismo e felicidade no amor. Entre eles, 242 ainda faziam faculdade, enquanto outros 289 eram um pouco mais velhos – média de 26 anos –, e namoravam há mais de 4 anos. Os pesquisadores perguntaram a eles se simpatizavam com algumas ideias feministas, aprovavam mulheres que se dedicam à carreira e se o atual parceiro era machista ou não. Também contaram sobre a qualidade e estabilidade do namoro e satisfação sexual.

E os feministas levaram a melhor em vários pontos. A vida sexual deles era muito mais saudável: eles se diziam mais felizes com sexo do que os casais com um pézinho no machismo. Além disso, os relacionamentos se mostravam muito mais estáveis. E isso valia para homens e mulheres feministas. De forma geral, pessoas favoráveis à igualdade entre os gêneros constroem namoros mais felizes do que os casais machistas.

Os pesquisadores ainda não descobriram por que o feminismo pode melhorar os relacionamentos. Mas desconfiam de alguns motivos. Por exemplo, homens feministas apoiam e entendem melhor suas namoradas. E quando se juntam a mulheres também feministas se livram da pressão de bancar todas as despesas do casal. Bem melhor assim.»


FONTE: Ciência Maluca.

E continua o festival de argumentos da tal petição para a prepetuação do machismo em Portugal

Abel Matos Santos: “Lei permite que uma pessoa mude de sexo as vezes que quiser. Na Primavera pode ser Maria, no Outono pode ser José”

No programa das manhãs da TVI apresentado por Manuel Luís Goucha estão a ser realizados uma série de debates semanais sobre as consideradas "leis fracturantes", alvo de uma petição já entregue na Assembleia da Repúblicacom vista à sua alteração ou revogação.

Depois da análise da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo, na passada quinta-feira, esta semana foi a vez do tema escolhido ser a lei de identidade de género.

De um lado do painel, a favor da alteração da lei, esteve o médico Abel Matos Santos e Isilda Pegado. Do lado oposto três deputados: Helena Pinto (BE), Sónia Fertuzinhos (PS) e João Oliveira (PCP).

Abel Matos Santos do Hospital Santa Maria teve o discurso mais radical ao afirmar que a lei actual "não serve" e permite inclusive uma pessoa mudar de sexo mais do que uma vez. Os três deputados convidados refutaram peremptoriamente os argumentos apresentados por Abel Matos Santos e Isilda Pegado.




FONTE: Dezanove.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Isilda Pegado - Uma Mulher Atrás do Seu Tempo


"É preciso fazer uma reforma da sociedade. Esta crise em que estamos a viver não é uma crise económica. É, acima de tudo, uma crise de valores".



A afirmação é de Isilda Pegado que participou no programa Você na TV!, a propósito do abaixo-assinado, de que é uma das primeiras signatárias, que defende a suspensão contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a interrupção voluntária da gravidez e a lei que permite a mudança de sexo às pessoas transgéneras. Manuel Luís Goucha, apresentador do programa contrapôs: "É então necessário voltarmos ao Portugal do século XIX".

No debate, que contava com a participação dos deputados Sónia Fertuzinhos (PS), Helena Pinto (BE) e João Oliveira (PCP), o apresentador referiu que vários deputados do CDS e PSD estão a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, relembrando ainda a Isilda Pegado que "não há conflitualidade social" sobre este tema. A deputada socialista sublinhou que "a sociedade hoje não reflecte esse discurso" dos signatários da petição.

Bagão Félix, o economista João César das Neves, Isilda Pegado e o médico Gentil Martins estão entre os primeiros signatários da petição, que ultrapassou as cinco mil assinaturas, que quer obrigar o Parlamento a revogar as referidas leis. »



FONTE: Dezanove.

HumPar alerta para a Violência Obstétrica, no Dia da Mulher


VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA, sabe o que é?

A HumPar - Associação Portuguesa pela Humanização do Parto, juntamente com a Associação Doulas de Portugal e a Rede Portuguesa de Doulas vem lançar uma campanha de consciencialização para a violência obstétrica, no dia 8 de Março, em que se celebram 103 anos do Dia Internacional da Mulher.


O Mês de Março será dedicado à divulgação de informações relativas ao contexto da Violência Obstétrica em Portugal e à promoção e dinamização de iniciativas que fomentem uma mudança efetiva da realidade da assistência ao nascimento. [...]

O que é a Violência Obstétrica?
Violência Obstétrica é qualquer ato ou intervenção direccionado à mulher grávida, parturiente ou puérpera, ou ao seu bebé, que tenha sido praticado sem o consentimento explícito e informado da mulher/casal e/ou em desrespeito à sua autonomia, integridade física e mental, aos seus sentimentos, opções e preferências.


À luz deste conceito de violência obstétrica... o que sentes quando lês uma história de nascimento como a que se segue abaixo? [...]
Quando dei entrada no hospital para uma indução, com 39 semanas, não sabia que iria ser um dos dias mais difíceis da minha Vida. Aquilo que me foi dito foi “que era assim, protocolo, que era normal”, e entrei para me depilarem, levei soro, fiquei nua à espera de uma bata, depois chegou um médico que me colocou um gel dentro da vagina, sem nunca olhar para mim e nem sequer me responder quando lhe perguntei para o que servia.

Depois mais soro, horas sozinha num quarto, o meu companheiro tinha que entrar e sair constantemente, e ao fim da tarde entraram 4 homens de capa branca. Um a um, fizeram o toque. Depois, no final, o médico (o que me colocou o gel), meteu a mão dentro de mim e rasgou-me a bolsa, que foi das dores mais fortes que tive na vida, uma dor física e emocional que me acompanhou e ainda hoje me incomoda. Nunca ninguém falou comigo. Ao princípio da noite e depois de olharem continuamente para o ctg, veio uma enfermeira e colocou-me um cateter dentro da minha bexiga e disse: agora tem que se levantar e passar para a marquesa. Nessa altura percebi que tinha uma cesariana à minha frente. Depois disso lembro-me de estar nua, toda nua, de braços abertos numa espécie de cama com braços, como uma cruz, e de me dizerem que deveria contar até dez para anestesia fazer efeito. E fez. Só 3 horas depois acordei, sem o meu filho ao meu lado. Sozinha. Não consegui dar de mamar. Chorei semanas sem saber porquê. Afinal o meu bebé era saudável, certo? Só anos mais tarde percebi que estes protocolos não foram os correctos, apenas os “normais”.
O que aconteceu de maravilhoso foi que esta experiência me abriu os olhos e comecei uma aventura que dura ainda hoje, no apoio e defesa dos direitos das mulheres.

Precisamos de ir para a rua gritar que já chega!

M.

[...]

São exemplos de actos de violência obstétrica, que podem tomar a forma de abusos físicos, verbais e/ou psicológicos e que acontecem diariamente em instituições de saúde e consultórios em Portugal:

  • Impossibilitar que a mulher seja acompanhada por alguém da sua escolha, familiar ou outro;
  • Tratar a mulher em trabalho de parto de forma agressiva, não empática, rude, em tom de gozo, dando-lhe ordens e nomes infantis e diminutivos, tratando-a como incapaz, com indiferença, ou de qualquer forma que a faça sentir-se humilhada ou assustada;
  • Impedir a mulher de comunicar com o "mundo exterior"; 
  • Submeter a mulher a procedimentos dolorosos desnecessários ou humilhantes, como:
    - Posição ginecológica (estar deitada de costas, expondo os genitais) estando a porta do quarto aberta; - Ser “tocada” (exames vaginais) mais de uma vez e por várias pessoas ao longo do trabalho de parto, geralmente sem esclarecimento ou sem sequer pedir permissão;
  • - Submeter a mulher a qualquer outra rotina desnecessária e que implique um aumento do seu desconforto na sua experiência de parto, como descolamento de membranas (“toque doloroso”), amniotomia (rutura artificial de membranas), proibição da ingestão de líquidos via oral, etc., (saiba mais sobre as recomendações da Organização Mundial de Saúde a respeito de procedimentos e intervenções desnecessárias e prejudiciais durante o trabalho de parto aqui);
  • Fazer pouco ou recriminar por qualquer comportamento menos aceitável socialmente, como gritar, chorar, ter medo, vergonha, etc;
  • Repreender, ameaçar, fazer chantagem ou assediar em termos morais a mulher/casal por qualquer decisão que estes possam ter tomado, se essa decisão for contra as crenças, fé ou valores morais de qualquer membro da equipa, por exemplo: não ter feito ou feito de forma considerada inadequada o acompanhamento pré-natal, ter muitos filhos, ser mãe jovem (ou o contrário), ter tido ou tentado ter um parto em casa, ter tido ou tentado ter um parto sem assistência médica, ter tentado ou ter efetuado um aborto, ter atrasado a ida para o hospital; não ter dado todas as informações pedidas, seja intencional ou involuntariamente;
  • Ignorar ou desvalorizar as escolhas e os pedidos da mulher/casal feitos através do seu plano de parto ou nas consultas de atendimento da gravidez e durante o parto;
  • Permitir a entrada de pessoas estranhas ao serviço para "assistir ao parto", quer sejam estudantes, residentes ou profissionais de saúde, sem o consentimento prévio da mulher e do seu acompanhante, e sem lhes dar a possibilidade clara e justa de dizer “não o desejamos”;
  • Submeter uma mulher a uma cesariana desnecessária, sem a devida explicação dos riscos que ela e o seu bebé correm (complicações da cesariana, da gravidez subsequente, risco de prematuridade do bebé, complicações a médio e longo prazo para mãe e bebé);
  • Dar hormonas sintéticas (“um cheirinho”) para tornar mais rápido e intenso um trabalho de parto que está a evoluir normalmente;
  • Realizar episiotomia de rotina (corte na vagina), quando já se sabe que a necessidade real deste procedimento é muito baixa. Dar um ponto na sutura final da vagina de forma a deixá-la mais apertada para “aumentar o prazer do cônjuge” ("ponto do marido"); 
  • Colocar-se sobre a barriga da mulher exercendo força para expulsar o bebé (manobra de Kristeller); 
  • Submeter a mulher e/ou o bebé a procedimentos feitos exclusivamente para formar academicamente estudantes e residentes; 
  • Submeter bebés saudáveis a aspiração de rotina, injeções e procedimentos na primeira hora de vida, antes de serem colocados em contato pele com pele e de terem tido a oportunidade de mamar; 

Se já passou por alguma destas situações de violência obstétrica, de violação de direitos humanos no nascimento, partilhe a sua história connosco usando o seguinte e-mail: geral@humpar.org. [...] »

FONTE: Humpar.

Dia Internacional da Mulher: a relação entre o Feminismo e o L de LGBT


« Assinala-se mundialmente a 8 de Março, desde 1975, o Dia Internacional da Mulher, sob insígnia das Nações Unidas.

O dezanove.pt falou com Salomé Coelho, activista na UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta, para perceber o enfoque feminista e lésbico deste dia:

"As lésbicas não são mulheres", disse Monique Wittig, feminista lésbica, nos anos 80. Com esta afirmação, Wittig questionava a categoria que estava na base das reivindicações feministas, a categoria "mulher", dizendo que esta apenas tem e ganha sentido dentro da norma heterosexual. Com isto, Wittig denunciava que quando se falava de mulheres e dos seus direitos, se assumia que essas eram "heterosexuais"; denunciava também que a própria definição do que é ser uma “verdadeira mulher” se faz num sistema que apenas concebe a “heterosexualidade” como sexualidade válida. Se mulher é aquela que se une a um homem, logo, as lésbicas não poderiam ser mulheres.

As ligações entre feminismos e direitos LGBT nem sempre foram pacíficas, havendo tensões históricas documentadas, mas também uma longa tradição de alianças políticas. As críticas das mulheres lésbicas permitiram pensar de forma mais complexa o sujeito politico dos feminismos e a luta feminista abriu, indubitavelmente, espaço para a luta pela liberdade sexual e direitos LGBT. Hoje, pensar os direitos sexuais sem pensar a dimensão de género, ou o contrário, é amputar a leitura do mundo e reduzir a capacidade de transformação. Na raiz das desigualdades de género e com base na orientação sexual estão um mesmo sistema de género que impõe normas restritas do que é ser homem e do que é ser mulher – e mais nenhum género pode existir para além desse binarismo! -,sabendo que mulher não pode nunca ser aquela que ama ou deseja outra mulher.

No Dia Internacional das Mulheres – dia em que se celebra a luta histórica das mulheres por melhores condições de vida e em que se recorda os caminhos que há ainda a percorrer -, celebremos também a visão de que as opressões se entrecruzam e que não há reais conquistas feministas se elas não põem em causa a heteronorma, nem direitos LGBT se o sistema de género sai inabalado. Por alguma razão, sexo (género) e sexo (sexualidade) se confundem na escrita (dos textos e das vidas).

Salomé Coelho
UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta
28 anos »


FONTE: Dezanove.

Não festejem o dia, assinalem-no, LUTEM!


«Ninguém me perguntou por que é que essas feministas chatas não gostam de ganhar parabéns no dia da mulher

“Parabéns pelo seu dia, continuem sempre assim, nós amamos vocês, mulheres”. Aí te dão uma rosinha murcha. Ou um bombom. Ou te oferecem um tratamento facial, um curso de maquiagem, uma massagem. E não entendem porque você não está imensamente agradecida por terem lembrado de você nessa data tão especial.

Eu gostaria de não ter que lembrá-los disso, mas o dia da mulher não é uma data pra glorificar essa imagem estereotípica de feminilidade que vocês têm. É uma data de luta.

É uma data pra se lembrar das trabalhadoras têxteis que se uniram e deram início a uma revolução. Para se lembrar de todas as outras mulheres que lutaram, foram presas, apanharam, morreram, para que tivéssemos direitos básicos que ninguém pensaria em passar sem, como voto, propriedade, educação.

É uma data para se lembrar de todas as mulheres que ainda seguem privadas de direitos, tendo suas vidas controladas por homens, apanhando, sofrendo abusos. Para lembrar que essa realidade não é distante, não é só uma moça sendo violentada e morta por um bando de escrotos na Índia, mas está aqui no nosso quintal.
É uma data para se lembrar que mesmo nós, mulheres bem nutridas de classe média, ainda fazemos a maior parte do trabalho doméstico, ganhamos menos que os homens, e se formos negras, só piora.
Guarde as rosas para os doentes e os mortos.
Nós continuaremos lutando.»

FONTE: Alguém Me Perguntou.


Porquê o Dia Internacional da Mulher?


Dia Internacional da Mulher: 
Conheça a origem desta celebração


Dia Internacional da Mulher assinala-se hoje, dia 8 de março, como homenagem às mulheres em todo o mundo. A efeméride assinala também diversos factos históricos: o protesto de operárias têxteis nova-iorquinas por melhores condições de trabalho e as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho, na I Guerra Mundial.

Neste dia 8 de março, em 1857, um enorme grupo de operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque deu início a uma greve, acompanhada de uma ocupação da fábrica. O objetivo desta luta era a reivindicação de uma redução do horário laboral (cerca de 16 horas por dia).
As mulheres defendiam 10 horas laborais de trabalho, bem como uma avaliação do seu salário, que representava um terço do salário pago aos homens. As operárias, cerca de 130, foram encerradas na fábrica e morreram queimadas.
Esta é a génese do Dia Internacional da Mulher, que foi instituído em 1910, aquando de uma conferência internacional de mulheres, que ocorreu na Dinamarca. No entanto, só mais tarde o dia foi celebrado. O dia 8 de março serviu então para homenagear as mulheres, com a comemoração deste dia internacional que persiste com muitas metas por cumprir.

Há mais de um século que as mulheres lutam pela igualdade de direitos laborais, o que ainda permanece por cumprir. Aliás, esta diferença entre homens e mulher é assinalada no Dia Europeu da Igualdade Salarial, comemorado a 2 de março, para chamar à atenção para um facto: as mulheres ganham menos do que os homens, que conseguem ordenados médios 16,4 por cento superiores.

Segundo números da Comissão Europeia, as mulheres portuguesas só conseguem atingir o salário dos homens com mais 65 dias de trabalho. Em Portugal, as mulheres ganham menos 18 por cento do que os homens.
A luta das operárias nova-iorquinas permanece, por isso, atual e assim faz todo o sentido celebrar o Dia Internacional da Mulher. E as mulheres são o centro de diversos factos históricos que se assinalam neste dia. Em 1702, de forma inesperada, Ana Stuart, a irmã de Maria II, torna-se Rainha da Inglaterra, Escócia e Irlanda, após a morte de Guilherme III.

Já em 1884, perante os membros do Comité de Justiça da Câmara dos Representantes dos EUA, Susan Anthony solicita que seja feita uma emenda à Constituição, que garanta às mulheres o direito ao voto.

A 8 de março de 1910 – precisamente no dia em que foi instituído o Dia Internacional da Mulher –, Raymonde de Laroche torna-se a primeira mulher a fazer um voo sozinha. Em 1911, dá-se o primeiro protesto em defesa do voto feminino. Já em 1971, durante a Revolução Russa, diversos protestos e greves são desencadeados por mulheres, em São Petersburgo, a marcar o início da Revolução de fevereiro.

No ano de 1975, a 8 de março, assinala-se pela primeira vez o Dia Internacional da Mulher. E neste mesmo dia, em 2000, os Correios do Brasil lançam um selo que presta uma homenagem a três mulheres pioneiras da aviação do país: Anésia Pinheiro Machado, Tereza de Marzo, Ada Rogato.


FONTE: Pt-Jornal.

No dia Internacional da Mulher, a ONU escolheu o tema: "Violência Contra as Mulheres"


Vejam o que a APAV tem a dizer sobre os fenómenos de violência doméstica. É sempre bom lembrar e desmistificar:




Dia Internacional da Mulher assinalado de norte a sul do país



O Dia Internacional da Mulher assinala-se hoje, com iniciativas nacionais e locais em defesa dos direitos das mulheres, lembrando que as portuguesas ganham em média menos 18% do que os homens, e estão pouco representadas nos conselhos de administração.
Logo pelas 09:00, o sino toca na Bolsa de Lisboa e dá o arranque à conferência "E2E: inspirar, apoiar, arriscar", organizada pela NYSE Euronext Lisbon, com abertura a cargo da secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais.

Pelas 10:00, o gabinete do Parlamento Europeu em Portugal organiza um debate sobre "O impacto da crise na vida das mulheres. Que respostas?", ao mesmo tempo que a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) e a representação da Organização Internacional do Trabalho promovem a sessão "Empreendedorismo Feminino".

Também durante a manhã, logo a partir das 10:00, a sessão plenária no Parlamento vai discutir e votar vários projetos de resolução do PCP, Bloco de Esquerda, PS e Partido Ecologista "Os Verdes" em prol dos direitos das mulheres.

O Partido Comunista vai pedir o combate ao empobrecimento das mulheres e às discriminações salariais, além de ir pedir a valorização efetiva dos direitos das mulheres no mundo do trabalho, enquanto "Os Verdes" pedem a não-discriminação laboral das mulheres.

O Partido Socialista vai pedir que seja aprovado o regime jurídico das organizações não-governamentais para a Igualdade de Género, enquanto o Bloco de Esquerda quer a não discriminação laboral das mulheres, a majoração do subsídio de desemprego e do subsídio social de desemprego para as famílias monoparentais, para lá de recomendar ao Governo que alargue a proteção da parentalidade.

Também de manhã, a Confederação geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-In) assinala o Dia Internacional da Mulher com ações nos locais de trabalho e nas ruas, estando previsto que o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) promova plenários e realize uma tribuna pública, na qual vai denunciar casos de discriminação laboral de mulheres.

Mais à tarde, pelas 15:00, a secretária de Estado Teresa Morais promove um colóquio para assinalar o Dia Internacional da Mulher, sob o tema "Decidir em igualdade: paridade na tomada de decisão económica".

As iniciativas multiplicam-se um pouco por todo o país, como, por exemplo, em Braga, com uma tertúlia sobre "Género, minorias e multiculturalismos", organizada pela associação cabo-verdiana, em Coimbra, com uma concentração organizada pela União de Mulheres Alternativa e Resposta, ou no Porto, com um jantar tertúlia do "Ciclo Feminino", com a presença das escritoras Isabel Alçada e Luísa Castel-Branco, entre outras iniciativas.

Neste dia, será lembrada a presença residual de mulheres nos conselhos de administração das maiores empresas portuguesas, representando apenas 6% do total, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), que refere existirem 162 mil empresárias, em Portugal.

Apesar de estarem em clara minoria nos conselhos de administração, em 2011, havia 162 mil mulheres que eram empregadoras (35% do total nacional). Com uma idade média de 43,1 anos, uma em cada quatro empresárias possui um curso superior.

Dados da Comissão Europeia revelam que as mulheres portuguesas têm de trabalhar mais 65 dias do que os homens, para terem o mesmo ordenado, já que ganham em média menos 18%.

FONTE: SIC Notícias On-Line.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Slut Like You - P!nk (vídeo e letra)




«Tenho uma outra música chamada "Slut Like You" [...]. Esta é a minha forma não sofisticada, enquanto feminista, de recuperar o poder e, acreditem, é muito pouco sofisticada.»
P!nk

Vídeo com a letra:

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

França aboliu proibição de uso de calças por mulheres


Lei que proibia mulheres de usarem calças em França, em vigor há dois séculos, foi abolida. Ministra francesa dos Direitos da Mulher, Najat Vallaud-Belkacem, disse que legislação não era compatível com valores atuais do país.

Dois séculos depois, as francesas conquistaram esta semana o direito a usar calças compridas, sem quaisquer restrições. Foi abolida na passada segunda-feira a lei instaurada em 1800, logo após a Revolução Francesa, que exigia a mulheres que se quisessem vestir como homens que pedissem autorização à polícia.

Para a ministra francesa dos Direitos da Mulher, Najat Vallaud-Belkacem, essa legislação não era compatível com os valores atuais do país.
Polémica

As parisienses lutavam pelo direito de usarem calças desde a Revolução Francesa, quando os trabalhadores passaram a vestir calças compridas de algodão, ao invés das tradicionais culottes, largas na parte de cima e justas a partir do joelho, como fazia a aristocracia.

Na viragem do séc.XX, a arcaica norma sofreu uma emenda, permitindo que as mulheres pudessem, finalmente, usar calças. Mas com uma condição: "Se estiverem a segurar o guiador de uma bicicleta ou as rédeas de um cavalo".

Recorde-se que em maio do ano passado, a ministra da Habitação, Cécile Duflot, foi criticada por usar calças de ganga durante a primeira reunião do gabinete do Presidente François Hollande.

Meses depois, antes de iniciar um discurso na Assembleia Nacional, Duflot foi alvo de assobios e 'bocas' por parte de políticos, por estar a trazer um vestido floral. Na ocasião, comentou: "Já trabalhei em estaleiros de obras, mas nunca vi nada parecido. Isso diz muito sobre alguns dos parlamentares. Fico a pensar nas mulheres deles..."


FONTE: Expresso On-Line.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Deixo-vos esta imagem, de uma vítima de violação


Ainda há umas semanas discutia aqui nos comentários com um leitor, que insistia no facto de as mulheres deverem vestir-se de forma "apropriada" para não serem violadas, violentadas ou assediadas. Reparem:

  • «Conheço gajas que se vestem de forma provocante e que depois têm a lata de perguntar porque é que os homens olham para elas, como se elas tivessem mel. Isso não é sonsice? Ou será estupidez?»
  • «que é um facto que as mulheres que se vestem de forma provocante despertam mais a atenção dos possíveis predadores sexuais, lá isso é.»
  • «Achas que um predador sexual vai-se interessar mais por uma mulher que não mostra nada ou por uma mulher que mostra tudo e mais alguma coisa?» «Uma coisa é o direito de as mulheres se vestirem como bem entenderem, outra é quererem descartar-te das respectivas consequências.»
  • «Salvo algumas excepções, tipo na praia ou no carnaval, as mulheres devem vestir-se com discrição!»
  • «Eu nunca disse que a culpa era da mulher agora é preciso saber onde é que se anda e como se anda. Chama-se bom senso!»
  • «Não se esqueça que vivemos numa sociedade semi-tradicionalista e que por ser assim vê sempre a mulher como a vítima e nunca como a agressora. Existem muitos homens presos por causa dessa mentalidade.»
  • «mas especialmente no ocidente há mulheres que não sabem se vestir de acordo com as situações. Quem não quer ser lobo que não lhe vista a pele e quem pensa ao contrário deve julgar que o mundo é cor de rosa e que o rei é a Hello Kitty.»
  • «Vou-lhe dar uns exemplos que confirmam a minha opinião: Dou aulas de inglês a 10º ao 11º ano e já me canso de ver as pitas (e outras já bem mulherzinhas) que se vestem sem decoro algum, que provocam e depois todas as semanas chegam queixas ao CD da escola por parte delas a dizerem que foram apalpadas e/ou assediadas nos intervalos.»
  • «Algumas não têm culpa mas outras têm culpa e muita.»
  • «Felizmente que mais tarde elas já começam a se vestir como mulheres decentes mas eu gostava que já na adolescência elas tivessem esse discernimento.»
  • «Isto é uma crítica também para as lojas de roupa da moda. É uma vergonha entrar na Zara, na Bershka e outras lojas que até no inverno estão repletas de coleções de roupas com decotes, pouco tecido, transparências, sweats largas que deixam o soutien à mostra, calções de ganga que não são calções, mas sim umas autênticas fraldas que mostram quase tudo, influenciando negativamente as miúdas para que se vistam como umas galdérias de esquina. Vergonhoso no mínimo, quando dizem nas etiquetas que é para idades de 14-16 anos (decotes???)»
  • «eu não penso que a culpa seja da mulher.»
  • «Os homens não têm que ter atenção ao que vestem como as mulheres porque essa questão não é sociológica mas sim de natureza e lutar contra isso é ridículo
  • «sugeria que as mulheres também fossem educadas nesse sentido, indo para a escola ou para o trabalho vestidas decentemente, pois não é dado novo que em outros tempos haviam muito menos assédios e violações que hoje, o que está a acontecer hoje é a BANALIZAÇAO DO ASSÉDIO»
  • «Um dia que eu tenha filhos, garanto-lhe que não se vestirão como rappers ou prostitutas.»
Enfim... Eventualmente desistiu de "argumentar". Aliás, podem ver as minhas respostas e tudo o resto aqui.

Mas a seguinte imagem explica tudo na perfeição, apenas com uma frase:


«Preciso do feminismo porque as pessoas dizem-me que eu devia estar AGRADECIDA por o meu violador ter querido fazer sexo comigo.»

A culpabilização e a ridicularização da vítima têm de acabar. É nada mais do que triste, ridículo e de uma agressividade psicológica incomensurável e despropositada a alguém que já está em profundo sofrimento. Em resumo, É CRUEL.


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Assunção Cristas confirma. Cegonha chegou ao Governo


Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território planeia ficar a trabalhar até ao final da gravidez.

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É a primeira vez em Portugal que há uma ministra grávida em exercício. A confirmação foi feita pela própria Assunção Cristas, esta quarta-feira.

"É uma grande alegria para mim e para toda a família, um grande entusiasmo, agora é viver com tranquilidade, com a expectativa de que corra tudo bem e continuar a trabalhar, como sempre, com empenho, com dedicação, até chegar a altura da criança nascer que será no Verão", disse a ministra, acrescentando que planeia ficar a trabalhar até ao final da gravidez.

À margem da visita à exposição "Idade do Mar", na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território revelou que os secretários de Estado a vão poder substituir durante o período de licença de maternidade.

"Os vários senhores secretários de Estado são sempre competentes para assegurar qualquer substituição, portanto não há sequer um problema em relação a essa matéria", afirmou Assunção Cristas, na primeira vez que falou publicamente sobre a sua gravidez.


vídeo em: Rádio Renascença on-line.
FONTE: Rádio Renascença on-line.

Itália: Esquerda tem 40% de mulheres nas suas listas, Monti tem uma campeã de esgrima


Primeiro-ministro demissionário e líder de uma coligação de partidos centristas chamou para as suas listas a tripla campeã olímpica

O Partido Democrata, principal partido de esquerda em Itália, apresentou na noite de terça-feira as suas listas para as eleições legislativas de 24 e 25 de Fevereiro, onde figuram 40% de mulheres, uma novidade absoluta em Itália. Ao centro, Mario Monti arranjou como aliada uma "diva" da esgrima mundial.

"As nossas listas contam com 40% de mulheres. É uma revolução cívica a valorizar", disse o líder do PD, Pier Luigi Bersani, acrescentando que, em 35 círculos eleitorais, 18 mulheres são cabeças de lista. Estas listas renovadas contam também com muitos jovens e são o resultado de uma arbitragem entre os resultados das primárias realizadas no final de Dezembro, e em que participou um milhão de italianos, e as personalidades cuja candidatura foi imposta pelo partido. 

Ao lado de "históricos", como Bersani e o seu "número dois", Enrico Letta, ou os actuais líderes do PD na câmara e no senado, aparecem vários representantes da sociedade civil. Entre eles, o ex-procurador antimafia Piero Grasso, um antigo dirigente do patronato italiano, sindicalistas, uma das fundadoras do movimento feminista Se Non Ora Quando (Se não for agora quando será), Valeria Fideli, e jornalistas, como o director da RaiNews24, Corradino Mineo.

Nas listas do PD também está Ernesto Preziosi, ex-presidente da Acção Católica. "A partir desta noite, estamos em campanha eleitoral. Mais do que favoritos, sentimo-nos como vencedores", proclamou Bersani, que se disse "pronto para governar o país".


A "diva" Valentina

Mario Monti, primeiro-ministro demissionário e líder de uma coligação de partidos centristas que tentam fazer frente ao favoritismo da esquerda e à direita de Berlusconi, chamou para as suas listas uma "diva" da esgrima mundial, Valentina Vezzali, tripla campeã olímpica.

"Decidi fazer parte da equipa, porque Mario Monti é uma pessoa séria, que acredita na família, na ética e na moral. Ele fala de coisas concretas e nós, os atletas, estamos habituados a falar com factos", disse Vezzali, citada pela AFP.

Aos 39 anos, Valentina Vezzali, tripla campeã olímpica de florete (ouro em Sydney, Atenas e Pequim), disse que a sua candidatura em nada vai interferir com o seu objectivo de participar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. "Mas agora a minha prioridade é estudar, preparar-me e merecer a estima" de Mario Monti, disse Valentina, que é polícia de profissão.

Segundo uma sondagem de 2 de Janeiro, realizada pelo instituto Tecnè para a Sky Italia, a coligação de centro-esquerda liderada pelo PD comanda as intenções de voto, com 40,3%. Segue-se o bloco de direita do PDL (Povo da Liberdade), da Liga Norte, e outras formações, com 26,30%. E, por fim, a coligação centrista de Monti recebe 12% das intenções de voto.


FONTE: P3 - on-line