segunda-feira, 23 de setembro de 2013

«POR ELES JAMAIS OPRIMIDAS!»


Anda pela rua, Maria, sozinha
De passo ligeiro, "vadia", "putinha"

A olhar para trás, sabia, "presinha"
Pelo único caminho, pedia calmia

Encostado à parede, grunhia, Alfredo
De olhar aguçado, sorria, nojento

Ao seu lado disse, baixinho, contente,
«Dá-me uma trinquinha, menina indecente!»



ANDA MAIS RÁPIDO, MARIA
CORRE SEM DONO, SOZINHA
COM GARRAS E DENTES, FRIA
COMBATE POR TI, FERIDA

CORRE E DEIXA RASTO, CAMINHA
ENFRENTA O MEDO, CAMILA
SOZINHA NÃO MAIS, COMBINAM
«POR ELES JAMAIS OPRIMIDA!»


"- Pega um chupa, fofinha, bonita"
- Pega um estalo, machão, taradão
"- Queres boleia, menina, jeitosinha?"
- Queres sodomia, João, sabichão?

"- Anda cá ao ourives, ò jóia, lindinha"
- Anda cá à coveira, ò jargão porcalhão
"- És como um helicóptero, boa e gira"
- És como o estrume, antro de podridão.


ANDA MAIS RÁPIDO, MARIA
CORRE SEM DONO, SOZINHA
COM GARRAS E DENTES, FRIA
COMBATE POR TI, FERIDA

CORRE E DEIXA RASTO, CAMINHA
ENFRENTA O MEDO, CAMILA
SOZINHA NÃO MAIS, COMBINAM
«POR ELES JAMAIS OPRIMIDA!»


Feminista do Diabo




domingo, 8 de setembro de 2013

O Problema Dos Feminismos ou Os Preparativos Para O Colapso Feminista

Não há como entender a obcessão que alguns grupos, instituições ou pessoas feministas têm por criticar outros grupos, instituições ou pessoas feministas. A existência de vários feminismos tornou-se, por este motivo, evidente. Tão evidente quanto enfraquecedora do feminismo enquanto movimento geral de luta pela igualdade entre géneros. Dessa pluralidade de um feminismo enfraquecido muito poucos resultados significativos se retiram. 

Ora se criticam feministas que mostram as mamas, ora se criticam feministas que usam burka; ora se critica o activismo "radical" de umas, ora se critica o activismo quase passivo de outras; porque são "femininas", porque são "masculinas"; porque mostram a cara, porque não mostram a cara; a agressividade no diálogo, a "simpatia" no discurso; falar da vida sexual, não falar; nunca fazer a depilação, fazer sempre a depilação; não usar maquilhagem, usar muita maquilhagem; ser "magra", ser "gorda"; ser "cuidada", ser "desleixada"; ser lésbica, ser heterosexual; não fazer tarefas domésticas, fazê-las; não sorrir, sorrir; tirar macacos do nariz, não tirar; etc.

No meio de tantas críticas feministas a outr@s feministas o objectivo comum a tod@s passa para segundo plano e tudo quase se torna numa competição mesquinha e retardada para descobrir quem é "A Mais Feminista De Todas". Quase, eu disse quase.

Nós, as feministas distraímo-nos do que é essencial, perdemos o nosso tempo com isto, e os anti-feministas e machistas deleitam-se. Acabam, no fundo, por ficar com o trabalho simplificado face a um feminismo que está a implodir e que se irá auto-destruir, caso continue assim, causando mais danos (retrocessos, se quiserem ser pessimistas) do que conquistas efectivas. O feminismo está, por isso, não só ameaçado pelos anti-feministas e machistas, mas também ameaçado pel@s própri@s feministas.

Impõe-se uma união feminista (logo, fortalecimento feminista) e exige-se com urgência, porque, convenhamos, apesar das diferenças que identificam cada tipo de feminismo, a causa, a luta que em nós se entranhou, é comum: o fim do patricarcado. Esse deve ser o foco. Foquemo-nos!


Feministas de todo o mundo, uni-vos!



Razões para ser anti-feminista:

  1. Ser machista.
Fim.