domingo, 22 de agosto de 2010

Teresa Horta acusa Bertrand de «censura»


(25 FEV 10 às 16:48)

"A escritora Maria Teresa Horta acusou hoje a editora Bertrand de «censura», por lhe ter «guilhotinado» 500 exemplares do romance A paixão segundo Constança H., depois de ter dito que o livro estava esgotado

«Se tinham os livros, porque é que não os punham nas livrarias? Se havia pessoas a querer comprar, porque diziam que estava esgotado? Não queriam que o livro estivesse à venda! Isto é censura! Faz lembrar os tempos de antes do 25 Abril. Censura a um autor, não é sequer a um livro…», lamentou a escritora, em declarações à Lusa, à margem do encontro literário Correntes d’ Escritas, que decorre na Póvoa de Varzim.

A Lusa contactou telefonicamente a Bertrand para conhecer a posição da editora em relação à acusação, mas não foi possível ainda recolher qualquer reacção de responsáveis da empresa.

Maria Teresa Horta alerta, ainda, que, «por lei, não podem guilhotinar um livro, sem consultar o autor», que tem o direito de adquirir os exemplares.

«Tenho o direito a comprar os livros. Quem lhes disse que eu não queria? Não tenho um exemplar na minha mão», indigna-se a escritora, dizendo que este episódio lhe deixou «uma sensação de morte muito próxima, como se fosse um filho nosso que está morto».

«Isto não é possível! É incrível que se guilhotinem livros. Ainda há seis meses Moçambique pedia livros. Vão mudar o acordo ortográfico para nos aproximar, mas há necessidade de livros em Moçambique e Cabo Verde e preferem guilhotiná-los. Isto para já não falar em bibliotecas e escolas pelo nosso país inteiro que querem livros e não têm», observa.

Foi a propósito de uma intervenção do público que assistia à 2ª mesa do encontro literário, sobre livros de Eugénio de Andrade que tinham sido guilhotinados, que Maria Teresa Horta resolveu falar publicamente sobre o assunto.

No final, explicou à Lusa que o episódio aconteceu «há três, quatro meses, no final do ano passado», mas «já vinha de trás», já que à Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), a Bertrand dizia «que havia livros em armazém», mas, nas livrarias, «dizia que o livro estava esgotado».

«Durante muito tempo, o que aconteceu foi que a Bertrand não dava contas à SPA, dizendo que havia livros em armazém e, quando chegávamos as livrarias, diziam que o livro estava esgotado, inclusive nas livrarias Bertrand», descreveu.

De acordo com Maria Teresa Horta, uma professora de uma universidade brasileira chegou a procurar os livros para levar para o Brasil, «porque havia pessoas a fazer mestrado sobre o livro e não o tinham», e «na Bertrand do Chiado diziam que não havia o livro».

A escritora revela que, num almoço em que teve ao lado o director da Bertrand, perguntou-lhe «se estava esgotado ou não», tendo depois recebido um telefonema «a dizer que o livro estava esgotado e a perguntar se queria reeditar o livro com eles, só que, em vez da Bertrand, seria a Quetzal».

Maria Teresa Horta voltaria a falar com a SPA, que volta a contactar a Bertrand, e a editora responde dizendo que «afinal o livro não está esgotado».

Vários contactos depois, a escritora recebe um telefonema da SPA «a dizer ‘recebemos um e-mail, o seu livro acaba de ser guilhotinado, 500 exemplares’». "


Fonte: Lusa / SOL
Outras fontes: TSF, PÚBLICO, RTP, A BOLA, IOL.



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