segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Brasil Avança com Manual para o Uso Não Sexista da Linguagem

Já sabemos das diferenças linguísticas entre a língua portuguesa de Portugal e a língua portuguesa do Brasil. Mas a origem continua deste lado do oceano, com palavras, usos gramaticais e de concordância inúmeras vezes sexistas, discriminatórios ou até misóginos e, daí, apesar de dizer respeito à língua do Brasil, este manual é perfeitamente aplicável à língua da terra lusa.

Tendo estas discriminações linguísticas em consideração, a Secretaria de Políticas para as Mulheres, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul - Brasil, avança com um o Manual Para O Uso Não Sexista da Linguagem, acessível a todas as pessoas online, em documento pdf. Aceda directamente clicando aqui.



No site deste estado, o seguinte texto publicita o manual:

"Com o objetivo de proporcionar tratamento equitativo entre mulheres e homens, a partir da utilização da linguagem sem generalizações, evitando a aplicação sexista do discurso, a Secretaria de Políticas para as Mulheres, em parceria com a Secretaria de Comunicação, com a Casa Civil, a Repem-Lac e o grupod e trabalho instituído através do decreto nº 49.995, de 27 de dezembro de 2012, disponibiliza o Manual para o Uso Não Sexista da Linguagem. Para acessar, clique aqui"



Mais informações sobre o Manual:

Edição: Secretaria de Comunicação e Inclusão Digital
Organização: Leslie Campaner de Toledo, Maria Anita Kieling da Rocha, Marina Ramos Dermmam, Marzie, Rita Alves Damin, Mauren Pacheco
Pesquisa de textos: Leslie Campaner de Toledo e Marina Ramos Dermmam
Adaptação: Leslie Campaner de Toledo
Revisão: Evelise de Souza e Silva, Leslie Campaner de Toledo e Lilian Conceição da Silva Pessoa de Lira
Projeto gráfico e diagramação: Silvia Fernandes
Ilustração: Tânia Ruosas
Especialistas convidadas: Jussara Reis Prá, Leslie Campaner de Toledo, Télia Negrão

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Thor: o super-herói que agora é uma mulher

Marvel anuncia a mudança de sexo de uma das suas personagens mais mediáticas.

Thor, um dos mais conhecidos super-heróis da Marvel, vai sofrer uma mudança inesperada e surpreendente. A gigante dos comics anunciou nesta terça-feira que na nova série de banda-desenhada, que sairá em Outubro, Thor vai ser uma mulher.

Segundo a Marvel, esta personagem vai mudar de sexo numa tentativa de chegar a mais leitores, nomeadamente, a mais mulheres. “Thor será o oitavo título a ter uma protagonista feminina e tem como objectivo falar directamente a uma audiência que durante muito tempo não foi o target dos livros de banda-desenhada na América”, lê-se no comunicado da empresa, que divulga ainda imagens da nova heroína.

E uma coisa é certa, o Thor, deus do trovão, filho de Odin, que conhecemos já não vai voltar. “Não é She-Thor. Não é uma Lady Thor. Não é Thorita. É THOR. É o THOR do universo da Marvel”, diz Jason Aaron, que será responsável pela escrita da história, garantindo na nota da Marvel que esta nova personagem será um Thor “diferente de qualquer Thor que já tenhamos visto”. A ilustração ficará a cargo de Russel Dauterman.

Por responder ficam ainda algumas perguntas. Quem é afinal esta nova heroína que segura o poderoso martelo? De onde é que ela vem e como é que aparece na história? Qual é afinal a sua ligação ao longínquo reino de Asgard e ao universo Marvel?

Outros dos mistérios é a imagem que a Marvel divulgou do "antigo Deus do Trovão", sugerindo que este continuará na história mas de outra forma. Chamam-lhe "Unworthy Thor" (Thor não digno, numa tradução livre) e, em vez do martelo, a personagem tem um machado. 

Será preciso esperar até Outubro para descobrir. Mas o editor da Marvel, Will Moss deixa uma pista: “A inscrição no martelo de Thor diz o seguinte: ‘Quem quer que tenha este martelo, se Ele for digno, possuirá o poder de Thor’. Pois bem, está na altura de actualizar esta inscrição”. Para Will Mossa, esta será "uma das mudanças mais chocantes e emocionates" do universo da Marvel. 

No entanto, o norte-americano escreve ainda que esta mudança continua a tradição da Marvel em criar personagens femininas fortes como Tempestade ou Viúva Negra.

[...]

FONTE: Público.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Registados nove casos de mutilação genital feminina em Portugal desde Março


Mural dedicado às vítimas de MGF, pintado por Tamara Alves e Fidel Évora.

A Plataforma de Dados da Saúde registou nove casos de mutilação genital feminina (MGF) em Portugal desde Março, adiantou nesta sexta-feira a secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade.

Em declarações à Lusa, Teresa Morais considerou de “uma importância muito grande” o registo de “casos concretos” na plataforma, que, depois de ter experimentado alguns problemas técnicos, está em funcionamento desde Março.

Estima-se que 140 milhões de mulheres tenham sido submetidas à MGF em todo o mundo e que três milhões de meninas estejam em risco anualmente. A prática, que causa lesões físicas e psíquicas graves e permanentes, é mantida em cerca de 30 países africanos, entre os quais a lusófona Guiné-Bissau.

A MGF migrou para a Europa, onde se estima que vivam 500 mil mulheres afectadas por uma mutilação genital e 180 mil meninas estejam em risco, anualmente.

A referenciação dos casos representa “um passo decisivo em matéria de conhecimento sobre a realidade da mutilação genital feminina em Portugal, de que, durante muitos anos, se falou apenas em termos teóricos, (…) de sensibilização, sem que o país soubesse, verdadeiramente alguma coisa de concreto sobre o que se passava”, afirmou Teresa Morais.

“É o início de uma nova fase na abordagem da mutilação genital feminina em Portugal”, frisou, sublinhando que permite “passar das meras suspeitas” a “casos concretos”.

Juntando o registo ao estudo de prevalência em curso, Portugal poderá passar de “estimativas feitas em cima do joelho para um conhecimento mais detalhado”, que permita “intervir junto das comunidades de risco”, destacou.

Realçando que apenas foi informada do número de casos e da tipologia da mutilação genital em causa, Teresa Morais reconheceu que será relevante conhecer outros detalhes, como a idade das vítimas e o local e a data da prática da MGF. Essa informação, disse, deverá constar do relatório que a Direcção-Geral da Saúde divulgará no final do ano.

Teresa Morais adiantou ainda que foi aprovada pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco “uma circular, sob a forma de manual de procedimentos, com orientações técnicas sobre como os técnicos e as técnicas das CCPJ devem actuar para prevenir e sinalizar os casos de MGF”.

A secretária de Estado informou também que a pós-graduação sobre MGF na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa “vai ser repetida em Outubro”. Com propina gratuita, a primeira edição foi frequentada por mais de 30 profissionais de saúde, que depois deram formação aos colegas.

Entretanto, acrescentou a governante, a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) está a trabalhar num protocolo com Instituto Politécnico de Setúbal, para realizar uma pós-graduação em moldes similares no Barreiro, no último trimestre de 2014.

Ainda sobre a MGF, estão abertas até 4 de Agosto as candidaturas ao prémio “Mudar agora o futuro”, podendo concorrer a financiamento as “organizações sem fins lucrativos que tenham projectos de intervenção na comunidade que possam contribuir para prevenir e erradicar esta prática”, recordou a secretária de Estado.

FONTE: Público.
Mais sobre a imagem/mural: Rede Angola.
Link da Plataforma de Dados da Saúde: PDS.



quinta-feira, 3 de julho de 2014

Uma em cada três europeias vítima de violência

Uma em cada três mulheres da União Europeia (UE) foi ou será vítima de pelo menos um episódio de abuso sexual, físico ou psicológico, conclui um estudo, alertando para os riscos que as novas tecnologias representam.

Fonte da Imagem: Diante do Trono

O maior estudo sobre violência de género alguma vez realizado na UE foi divulgado hoje pela Agência para os Direitos Fundamentais (FRA, na sigla em inglês), revelando a persistência do problema e um forte pendor de género: 97 por cento das vítimas de violência sexual, física ou psicológica são mulheres. "É uma chamada de alerta: a violência afecta praticamente todas as mulheres", disse à Lusa a investigadora Joanna Goodey, em Viena de Áustria, sede da FRA.

As mulheres foram questionadas sobre as suas experiências de abusos físicos, sexuais e psicológicos, em casa, no trabalho, na esfera pública e também no espaço virtual (perseguição e assédio através da internet). Nos doze meses anteriores à realização do estudo - com 42 mil inquiridas nos 28 Estados-membros da UE -, 3,7 milhões de mulheres foram alvo de violência sexual e 13 milhões de mulheres foram vítimas de violência física. 

Os resultados dizem ainda que a violação dentro do casamento não é uma raridade e que uma em cada cinco grávidas foi violentada pelo parceiro actual. Estes e outros indicadores revelam "claramente" que "os direitos das mulheres da UE não estão a ser garantidos na prática", resume o estudo. 

Joanna Goodey não tem dúvidas: "Se estes dados dissessem respeito a um país fora da UE, haveria imensas declarações de indignação, mas isto é dentro da UE." Considerando que o combate à violência de género "não está entre as prioridades" comunitárias, a perita lamenta que o tema esteja a ficar "fora de moda", com a UE a preferir fazer campanhas focadas "em áreas particulares da violência", que, sendo "muito importantes", afectam menos mulheres. 

A FRA não se limita a analisar os dados, deixando algumas recomendações, nomeadamente para lidar com o número de mulheres que, sendo vítimas de violência física e/ou sexual, não contactam as autoridades. A "grande maioria" das mulheres recorrem aos serviços de saúde quando querem denunciar um caso de maus tratos e, por isso, "os profissionais de saúde precisam de ser treinados para saberem ler os sinais", sublinha Goodey, recordando que os centros de apoio, como casas-abrigo, são "subfinanciados" e só existem na capital ou nas grandes cidades.

"O abrigo mais próximo pode estar a uma distância de quatro horas de carro, enquanto toda a gente sabe onde fica o médico mais próximo", compara, frisando que as mulheres inquiridas aprovaram, por "grande maioria", que os profissionais de saúde passem a incluir, nas consultas de rotina, perguntas sobre violência, quando observam sinais que a indiciam. "Não é um assunto de privacidade", frisa. 


Uma das novidades da pesquisa é a inclusão de "novas ou recentes" formas de violência de género, que recorrem à tecnologia, concluindo que onze por cento das inquiridas foram alvo de "avanços inapropriados" nas redes sociais e através de mensagens escritas de telemóvel (sms) ou de correio eletrónico (emails). As mulheres entre os 18 e os 29 anos são mais vulneráveis, com 20 por cento das jovens a reportarem "ciberassédio", refere Goodey, recusando o argumento da "liberdade de expressão".

Fonte: Correio da Manhã


Imprensa cubana noticiou pela primeira vez em 50 anos uma violação

"Durante décadas, a imprensa cubana absteve-se de publicar informações sobre a criminalidade.

Fonta de Imagem: A Bola.



Pela primeira vez em meio século, a imprensa cubana noticiou uma detenção, de um presumível violador, quando os assuntos de segurança e criminalidade eram habitualmente omitidos pelos meios de comunicação, todos controlados pelo Estado.


O semanário 'Trabajadores', o sítio oficial na internet Cubadebate e a rádio cubana anunciaram a detenção de um jovem cubano, com 23 anos, empregado de restaurante, acusado de três agressões sexuais contra mulheres, em Santa Clara, a 250 quilómetros a leste de Havana. O jovem "aproveitou-se da vulnerabilidade das suas vítimas, mulheres que iam para o seu trabalho ou dele regressavam, para, sob a ameaça de uma faca, as violar", indicou o delegado do Ministério do Interior no local à imprensa."

85% das Notícias Discriminam as Mulheres

Fonte da Imagem: Global Voices.
"Projecto analisou igualdade de género em 221 notícias e 85% são problemáticas O estudo foi levado a cabo pela Unidade Local de Análise à Imprensa. 

O projecto Media + Igual, de Coimbra, analisou 221 notícias entre setembro e junho, em torno da questão do género na imprensa, concluindo a existência de 85% de conteúdo problemático ou discriminatório. Ao todo, foram sinalizados 645 artigos de nove títulos de imprensa, tendo sido analisados 221 artigos, entre setembro de 2013 e junho de 2014, por uma Unidade Local de Análise de Imprensa (ULAI), em Coimbra, constituída por diferentes entidades ligadas à questão do género. 

Marisa Figueiredo, facilitadora da ULAI, disse à agência Lusa que os artigos que contribuem de forma positiva para uma maior igualdade de género na sociedade são uma "parte muito residual" da totalidade dos artigos sinalizados, sublinhando que ainda "há vários problemas ao nível do discurso" mediático. "As mulheres surgem como vítimas ou como casos de exceção", referiu Marisa Figueiredo, sublinhando que, em casos de violência doméstica, surgem "narrativas romantizadas", em que as mulheres são "agentes passivos", não havendo um discurso na primeira pessoa das vítimas. 

Carla Duarte, do Centro de Iniciativas Empresariais e Sociais, entidade que promove a iniciativa, salientou que "há um conjunto de estereótipos sobre a mulher que continuam a ser muito reproduzidos". Os nove títulos de imprensa analisados foram os jornais As Beiras, Diário de Coimbra, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Público e as revistas Maria, Caras, Happy Woman e Men's Health, de forma a abranger "diferentes critérios" e a encontrar "uma maior diversidade".

Fonte: Correio da Manhã

sexta-feira, 27 de junho de 2014

(Porto) 9ª Marcha do Orgulho LGBT e Semana Queer



Amanhã terá início na Praça da República, Porto, Portugal, a nona marcha do Orgulho LGBT+ nesta cidade. Está marcada para as 15:30 e o número de instituições a confirmarem representação tem vindo a aumentar a cada dia. No evento do facebook são já perto de 400 as pessoas que assinalaram que vão. A Feminista do Diabo também vai andar por lá.

A organização já divulgou uma fotografia da faixa que vão mostrar nas ruas do Porto. A mensagem é clara e específica! Co-adopção e adopção, vamos lá ver estas coisas com naturalidade.


Mais informações sobre a marcha na página do evento, aqui.

Apareçam também e arrastem pessoas convosco, sejam o amor, os amigos, os pais ou os filhos.



VIVA A SEXUALIDADE MULTICOLORIDA!

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Amanhã terá também início a Semana Queer, com eventos a acontecerem todos os dias pela cidade do Porto e especial destaque para o último dia (dia 5), com a Marcha pela Igualdade e o Arraial Queer no edifício Axa.

Página de facebook da Semana Queer aqui.
Página do evento Marcha pela Igualdade aqui.
Página do evento Arraial Queer aqui.

e aqui fica o cartaz com o programa desta semana para lembrar que a sexualidade é fluída. 



quinta-feira, 26 de junho de 2014

Mulheres Demoram 13 Anos a Terminar Relação de Violência Doméstica

Mais um número assustador:

TREZE ANOS PARA VENCER 
LUTA CONTRA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA



"Uma mulher vítima de violência doméstica demora, em média, 13 anos até terminar a relação e são as católicas aquelas que banalizam mais os actos violentos, concluiu um estudo sobre a caracterização das vítimas. 


O estudo, da autoria do psicólogo forense Mauro Paulino, surge no âmbito de uma tese de mestrado pela Universidade Nova de Lisboa e foi realizado através de entrevistas a 76 mulheres e análise de 458 processos da delegação de Lisboa do Instituto Nacional de Medicina Legal. Esta investigação incide apenas sobre mulheres vítimas de violência conjugal na região de Lisboa e Vale do Tejo."

Fonte: Correio da Manhã.

Femen na Revista do Expresso

Elas querem marcar presença em Portugal e vão dando alguns passos nesse sentido. A primeira aparição a imprensa começa no jornal Expresso, na Revista que o acompanha, e não só lhes foi atribuído um grande destaque, com um artigo de sete páginas, como são também a capa desta revista. Já está à venda desde sábado e poderão adquiri-la até amanhã. 

Inna, a líder do movimento, com "FEMEN PORTUGAL" pintado no tronco nu e a bandeira de Portugal à cintura, não deixa dúvidas sobre as intenções das Femen em relação a Portugal. O jornalista é um homem que se perdeu com o pormenor da "beleza" de Inna, mas publicidade (seja boa, seja má) é publicidade, certo? Aparecem, divulgam, provocam.

Aqui ficam uns prints desse artigo sobre as Femen.:









Fonte dos prins da revista: Facebook Femen Portugal.


Qual é a vossa opinião 
sobre este artigo da Revista, 
sobre o movimento Femen em geral e 
sobre a potencialidade do surgimento das Femen Portugal?

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Mutilação genital passará a ser investigada sem queixa

"A Procuradoria-Geral da República (PGR) deu parecer positivo a três projectos de lei (do PSD, do CDS-PP e do Bloco de Esquerda) para tornar a mutilação genital feminina um crime autónomo e de natureza pública.

Fonte da imagem: focandoanoticia.
Os projectos já estão em fase de discussão na especialidade. Quando a lei for publicada, o Ministério Público passará a poder abrir inquéritos sempre que tiver conhecimento de que uma menor foi mutilada na zona genital, sem precisar de queixa-crime da lesada. Exactamente como aconteceu com a violência doméstica quando passou a crime público.

"Até ao momento são conhecidos quatro inquéritos por factos que integram o conceito de mutilação genital feminina. Um desses inquéritos teve início no corrente ano", respondeu por escrito ao DN a procuradora Helena Gonçalves, assessora do gabinete da procuradora-geral da República (PGR). "A inexistência de um tipo de crime de "Mutilação Genital Feminina" (MGF) dificulta a obtenção de dados estatísticos objectivos, uma vez que o registo do inquérito se fará, à partida, por crime de ofensa à integridade física", referiu."


segunda-feira, 9 de junho de 2014

Femen Portugal



Femen dá os primeiros passos em Portugal. Um dos movimentos internacionais de defesa dos direitos das mulheres com mais destaque nos media mundiais (em grande parte por causa dos seus protestos em topless com palavras de ordem escritas no tronco nu e coroas de flores na cabeça), inicia agora uma representação em Portugal. Surgiu primeiro no Twitter e depois no Facebook, e tem divulgado o papel das Femen a nível internacional, explicando a ideologia do grupo e mostrado alguns dos protestos já realizados pelas activistas. 

Poderemos afirmar que está perto de existir o grupo Femen Portugal? Bem, o logotipo já existe...


De qualquer forma, 
vale a pena acompanhar o que poderá surgir
 da criação de uma conta no Twitter e Facebook.

Aqui ficam os links:

TWITTER FEMEN PORTUGAL
FACEBOOK FEMEN PORTUGAL 

domingo, 10 de novembro de 2013

Os muitos uniformes da cultura da violação

<b>AR Wear</b>
P3
Esta ideia de uma peça de vestuário (ou outro objecto) que “proteja as mulheres” da violação não é particularmente nova nem particularmente avançada — excepto, talvez, nas componentes mais tecnológicas. No campo da ficção, por exemplo, lembro-me de ler no "Snow Crash" de Neal Stephenson a existência de um dispositivo chamado dentata (do latim “vagina dentata”, vagina com dentes) que incapacitava um agressor masculino assim que ele penetrasse a mulher.

Ora, o falhanço espectacular aqui — e frequentemente repetido ao longo da História, com ditames variados sobre a decência de vestuário — está em, mais uma vez, deslocar o ónus da situação sobre as pessoas mais vitimizadas. Primeiro, por querer estruturar o seu comportamento (“Se não queres ser violada tens que vestir isto. Não tinhas isto vestido? Então se calhar a culpa também é tua.”); segundo, por querer estruturar a atenção e recursos para longe dos agressores (Imagine-se o quão hilariante seria se a inexistência de um dispositivo de castidade num homem desse azo a suspeitas de que ele é violador; mas a suposição contrária já é, de alguma forma, validada contra as mulheres). Não vou repetir os argumentos da presidente da UMAR, que subscrevo, para completar o meu raciocínio. No fundo, tudo se poderia resumir a isto: para não serem violadas, as mulheres têm que fazer A, B, C, D... (É só ignorar que as mulheres que fazem tudo isso são também alvo de violação!). Os homens, ao que parece, não têm nada a ver com a situação, nem têm que fazer nada. Pode-se gastar dinheiro, mas é a coarctar e determinar o que uma mulher pode/deve usar.

Parece-vos que algo aqui está estranho? A mim também. Não sou apologista de uma postura meramente reactiva — se estamos numa cultura machista e patriarcal, que tantas vezes trata os corpos de não-homens como coisas inferiores das quais se pode dispor livremente, então é sobre essa cultura (da violação). Tal como no caso da SlutWalkou como no caso dos piropos, a solução tem também de ser proactiva. Ensinar (os homens) a respeitar, ensinar (os homens) a ouvir e calar durante um bocado, ensinar o valor do consentimento — ensinar que, nas suas várias cambiantes, “Não é Não!” e que, conexamente, “Sim é Sim!” quando esse “Sim” surge dentro de um ambiente de respeito, reflexividade e comunicação.

Isso passa também por lembrar que “violação” não é apenas “penetração vaginal ou anal”, por lembrar que boa parte das violações são feitas por pessoas que conhecem as vítimas, e por lembrar que assistimos diariamente a violações em micro-escala quando olhamos para situações de assédio, de piropos não-requisitados, de olhares objectificantes.

Até ao dia em que as pessoas concordem (ou pelo menos a maioria delas!) que um “Não” nunca pode ser traduzido por “Aqui está um desafio para ver se consegues chegar ao Sim”. Porque o consentimento não é uma ideia óbvia, simples e fácil de colocar em prática, dada a quantidade de (maus) reflexos condicionados que temos, e sim uma componente crítica e complexa das relações inter-pessoais, que é frequentemente atropelada (“Não queres? Vá lá, é só irmos beber um copo! Mesmo? Oh... mas assim eu fico triste. Vem lá, vá... Ah, dizes que não mas bem se vê que até tens vontade de ir dar um pezinho de dança... Não?... Mas tu danças tão bem!, vem lá!...” — repetir durante meia hora) sem sequer nos darmos conta ou, como no caso dos piropos, descartada como histeria quando é apontada.

São estes os vários uniformes da cultura da violação: o uniforme da roupa, sim; mas também o da 'brincadeira', o do 'jogo', o do 'dizes-não-mas-os-olhos-dizem-sim'... E, como afirma uma famosa frase muito usada nas Slutwalks, “Não digam às mulheres o que vestir, digam aos homens para não violar”.

Crónica de Daniel Cardoso.
Fonte: P3.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Como um simples comentário justifica a necessidade imperiosa do feminismo

Já não é novidade que os comentários anónimos que vêm parar ao Diário das "Fêmeas" são já um legado. Este, é provavelmente o mais ridículo de todos. Foi feito a 19 de Abril de 2013 no post "Uma Performance Dedicada a Amina (Condenada à Morte Por Defender o Direito Sobre o Seu Corpo)", o que o torna ainda mais desconcertante. Tão desconcertante que estive estes meses a tentar perceber o que fazer com ele. Se aceitá-lo simplesmente ou se dar-lhe visibilidade, mostrando, dessa forma, que este tipo de pessoas existe e é extremamente necessário lutar contra elas. Mas fica então aqui o dito comentário. Riam-se, se conseguirem.


"não há que enganar, nem como negar: mulheres são todas p***s sem excepção.

sentem atracção única e exclusivamente por ricos, mafiosos, canalhas, traficantes e barões da droga, "alfas", musculados, etc, etc
todos os outros homens, que são 80% ou 90% da população, pura e simplesmente são invísiveis aos olhos de qualquer mulher!

depois, claro, levam merecidamente nos cornos e vão chorar ou queixar-se a alguém, geralmente um "beta" normal, que "os homens não prestam! são todos iguais! buááá!"
vão-se foder, suas hipócritas, vocês só gostam é assim, atracção é por mafiosos, canalhas, ricos.
o resto do "gado" para vocês é inferior, e só serve para pagar contas e fazer favores.
vocês deram cabo da minha vida, destroçaram-na de alto a baixo, humilharam-me de fio a pavio e ainda se riram. 
então não tenho peninha nenhuma de vocês quando são espancadas por algum "alfa" ou por algum criminoso.
vão-se queixar ao caralho. vocês gostam de apanhar, essa é que é essa. e merecem.
por isso, não venham cá com hipocrisias e lágrimas de crocodilo de que"homens são todos iguais"
são todos iguais o c*****o. vocês, sim, são todas iguais sem excepção, apenas existem as mais descaradas e as menos.
queixam-se de "opressão" e "falta de liberdade", mas hoje em dia, qualquer monte de banha feiosa e rídicula humilha e faz o que quer de qualquer homem. e ainda se ri por trás. 
e ainda diz na cara que só gosta de ricos e "famosos".
vão-se foder, mais a merda da vossa ideologia marxista.
espero que as feministas ardam todas...
vocês não merecem uma réstiazinha de respeito, amor ou sequer atenção. é desprezo puro e simples, e acabou, é a única forma de lidar com escumalha como vocês.
depois vemos quem ri melhor, quando envelhecerem sozinhas e solteiras."

Não sei quem vai envelhecer sozinho e solteiro, não....  

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Portugal volta a cair em ranking sobre igualdade de género

"A educação foi o único sector em que Portugal conseguiu melhorar o resultado Portugal é um país cada vez mais desigual para homens e mulheres e voltou a cair na avaliação feita pelo Fórum Económico Mundial, ocupando agora o 51.º lugar no ranking sobre igualdade de género – o que o coloca como o 11º país com um pior resultado dentro da União Europeia.

A educação foi o único sector em que Portugal conseguiu melhorar o resultado
Fonte: Público
O resultado português é o pior desde 2006, o primeiro ano em que o Fórum Económico Mundial publicou este documento e em que o país ficou em 33.º lugar. Em 2007 caiu para 37.º, em 2008 para 39.º e em 2009 para 46.º. Em 2010, Portugal conseguiu melhorar e subir para a 32.ª posição, mas em 2011 já voltou a perder em algumas categorias e voltou para 35.º e em 2012 desceu ainda mais, para a 47.ª posição. No período de apenas um ano a situação agravou-se e no relatório lê-se que o resultado pode ficar a dever-se à “quebra nos rendimentos” do trabalho a que se assiste no país.

Além da posição do ranking, o relatório atribui também um índice a cada país que varia entre zero e um (onde um representa a igualdade total) e no qual Portugal conseguiu um registo de 0.7056 nesta edição de 2013 que contou com dados de 136 países.

Para este valor contribui a avaliação feita pelo documento em várias áreas, nomeadamente oportunidades e participação económica, em que o país fica em 56.º lugar, piorando uma posição em relação ao ano passado. Em termos de educação subiu, contudo, da 57.ª para a 56.ª posição e no campo da sobrevivência e saúde manteve-se no lugar 83.º. A área da participação política é, ainda assim, aquela em que o país tem melhor posição, mas piorou do 43.º lugar para o 46.º.

A redução da desigualdade na Europa apresenta uma polarização, com um grande contraste entre a Europa ocidental e do Norte, por um lado, e a Europa do Sul e oriental, por outro lado, diz o Fórum Económico Mundial.

Olhando apenas para a União Europeia, a lista é encabeçada pela Finlândia (que é aliás a número dois a nível mundial), seguindo-se Suécia, Irlanda, Dinamarca, Bélgica, Letónia, Holanda, Alemanha, Reino Unido, Áustria, Luxemburgo, Lituânia, Espanha, Eslovénia, Bulgária, França e Croácia, que é o último país a ficar à frente de Portugal, em 49.º lugar. Pior que os portugueses estão dez países: Polónia, Estónia, Roménia, Itália, Eslováquia, Chipre, Grécia, República Checa, Malta e, por fim, Hungria, na 87.ª posição.

O resultado português vai em linha contrária à tendência mundial. A nível global, os países conseguiram reduzir as desigualdades entre homens e mulheres, com excepção do Médio Oriente e África do Norte, sendo o Iémen o país com um pior desempenho.



Da Islândia ao Iémen

Aliás, a lista dos países onde existem menores diferenças é encabeçada pela Islândia, seguida da Finlândia, Noruega e Suécia. Mas logo na quinta posição surgem as Filipinas, seguidas pela Irlanda, Nova Zelândia, Dinamarca, Suíça, Nicarágua, Bélgica, Letónia, Holanda, Alemanha, Cuba, Lesoto, África do Sul, Reino Unido, Áustria e Canadá.

Pela negativa, na cauda da lista, entre os últimos países estão antes do Iémen, o Paquistão, Chade, Síria, Mauritânia, Costa do Marfim, Irão, Marrocos, Mali e Arábia Saudita. Perto do fim da lista também se encontram países como a Turquia (120º lugar) ou a Hungria (87º).

Em comunicado, o Fórum Económico Mundial destaca que na América Latina e nas Caraíbas a desigualdade de género caiu 70% em 2013 – o melhor resultado a nível global. Também olhando para os números no seu todo, é possível perceber que os maiores progressos desde 2006 têm sido feitos na área da saúde e sobrevivência, seguindo-se a educação.

Mulheres na liderança: “um imperativo para hoje”

a igualdade económica e a participação política têm sido mais lentas a evoluir e são, aliás, responsáveis pelo atraso da maioria dos países, pelo que apesar de ter havido uma melhoria geral no segundo ponto de 2% ainda só se conseguiu reduzir as assimetrias em cerca de 20%. “Tanto nos países emergentes como nos desenvolvidos há poucas mulheres ocupando cargos de liderança económica, comparativamente com o número de mulheres no ensino superior e no mercado de trabalho em geral”, salienta o documento.

“É imprescindível que os países comecem a desenvolver uma visão diferente do capital humano – inclusive na maneira como impulsionam as mulheres para os cargos de liderança. Esta revolução mental e prática não é uma meta para o futuro, é um imperativo para hoje”, sublinha Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Económico Mundial, no mesmo comunicado."

Fonte: Público.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

«POR ELES JAMAIS OPRIMIDAS!»


Anda pela rua, Maria, sozinha
De passo ligeiro, "vadia", "putinha"

A olhar para trás, sabia, "presinha"
Pelo único caminho, pedia calmia

Encostado à parede, grunhia, Alfredo
De olhar aguçado, sorria, nojento

Ao seu lado disse, baixinho, contente,
«Dá-me uma trinquinha, menina indecente!»



ANDA MAIS RÁPIDO, MARIA
CORRE SEM DONO, SOZINHA
COM GARRAS E DENTES, FRIA
COMBATE POR TI, FERIDA

CORRE E DEIXA RASTO, CAMINHA
ENFRENTA O MEDO, CAMILA
SOZINHA NÃO MAIS, COMBINAM
«POR ELES JAMAIS OPRIMIDA!»


"- Pega um chupa, fofinha, bonita"
- Pega um estalo, machão, taradão
"- Queres boleia, menina, jeitosinha?"
- Queres sodomia, João, sabichão?

"- Anda cá ao ourives, ò jóia, lindinha"
- Anda cá à coveira, ò jargão porcalhão
"- És como um helicóptero, boa e gira"
- És como o estrume, antro de podridão.


ANDA MAIS RÁPIDO, MARIA
CORRE SEM DONO, SOZINHA
COM GARRAS E DENTES, FRIA
COMBATE POR TI, FERIDA

CORRE E DEIXA RASTO, CAMINHA
ENFRENTA O MEDO, CAMILA
SOZINHA NÃO MAIS, COMBINAM
«POR ELES JAMAIS OPRIMIDA!»


Feminista do Diabo




domingo, 8 de setembro de 2013

O Problema Dos Feminismos ou Os Preparativos Para O Colapso Feminista

Não há como entender a obcessão que alguns grupos, instituições ou pessoas feministas têm por criticar outros grupos, instituições ou pessoas feministas. A existência de vários feminismos tornou-se, por este motivo, evidente. Tão evidente quanto enfraquecedora do feminismo enquanto movimento geral de luta pela igualdade entre géneros. Dessa pluralidade de um feminismo enfraquecido muito poucos resultados significativos se retiram. 

Ora se criticam feministas que mostram as mamas, ora se criticam feministas que usam burka; ora se critica o activismo "radical" de umas, ora se critica o activismo quase passivo de outras; porque são "femininas", porque são "masculinas"; porque mostram a cara, porque não mostram a cara; a agressividade no diálogo, a "simpatia" no discurso; falar da vida sexual, não falar; nunca fazer a depilação, fazer sempre a depilação; não usar maquilhagem, usar muita maquilhagem; ser "magra", ser "gorda"; ser "cuidada", ser "desleixada"; ser lésbica, ser heterosexual; não fazer tarefas domésticas, fazê-las; não sorrir, sorrir; tirar macacos do nariz, não tirar; etc.

No meio de tantas críticas feministas a outr@s feministas o objectivo comum a tod@s passa para segundo plano e tudo quase se torna numa competição mesquinha e retardada para descobrir quem é "A Mais Feminista De Todas". Quase, eu disse quase.

Nós, as feministas distraímo-nos do que é essencial, perdemos o nosso tempo com isto, e os anti-feministas e machistas deleitam-se. Acabam, no fundo, por ficar com o trabalho simplificado face a um feminismo que está a implodir e que se irá auto-destruir, caso continue assim, causando mais danos (retrocessos, se quiserem ser pessimistas) do que conquistas efectivas. O feminismo está, por isso, não só ameaçado pelos anti-feministas e machistas, mas também ameaçado pel@s própri@s feministas.

Impõe-se uma união feminista (logo, fortalecimento feminista) e exige-se com urgência, porque, convenhamos, apesar das diferenças que identificam cada tipo de feminismo, a causa, a luta que em nós se entranhou, é comum: o fim do patricarcado. Esse deve ser o foco. Foquemo-nos!


Feministas de todo o mundo, uni-vos!



Razões para ser anti-feminista:

  1. Ser machista.
Fim.




sábado, 17 de agosto de 2013

Atletas russas beijam-se no pódio, no meio da polémica da lei "anti gay"

Após conquistarem o ouro no revezamento 4 x 400 no Mundial de atletismo de Moscou, as russas Kseniya Ryzhova e Tatyana Firova se beijaram na boca em cima do pódio.

O gesto das atletas ocorreu em meio à polêmica com a lei antigay na Rússia. Aprovada pelo presidente russo Vladimir Putin em junho, a lei proíbe a apologia a manifestações homossexuais.

Vários países reprovaram o decreto e cogitaram boicotar os Jogos de Inverno de Sochi, em 2014.

Kseniya Ryzhova e Tatyana Firo se beijam na boca em cima do pódio
Kseniya Ryzhova e Tatyana Firo se beijam na boca em cima do pódio. Fonte: Folha de S. Paulo.

A discussão ganhou mais força quando Ielena Isinbaieva, maior nome do salto com vara na atualidade, mostrou-se favorável à lei. Depois, ela disse que foi mal interpretada.

A saltadora sueca Emma Green Tregaro chegou a usar esmaltes nas cores do arco-íris para protestar contra a lei antigay, mas depois pintou as unhas de vermelho com medo de seu país sofrer uma retaliação.

"Estou surpresa com a imensa reação a isso [unhas pintadas], mas estou feliz porque é muito positivo. Os dirigentes estão intercedendo por mim, mas não quero que a federação de meu país sofra por isso", afirmou a atleta.

Manifestações de cunho político, religioso ou comercial, por exemplo, podem levar até a desclassificação em campeonatos como Mundiais e Olimpíadas.

Fonte: Folha de S. Paulo.

Burka Avenger: super-heroína que luta pela educação

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Protagonista de série de animação é uma professora primária que com livros e canetas luta pela educação das jovens do seu país. Mas nem todos gostam da "burka".



Uma série de animação paquistanesa tem estado nas bocas do mundo. Só no Youtube, o primeiro episódio foi visto por mais de 48 mil utilizadores em apenas uma semana e a página de facebook já conta com mais de 40 mil “gostos”.

Tudo por causa de uma super-heroína pouco convencional: “Burka Avenger” conta a história de Jiya, uma professora primária cujo alter-ego usa "burka" e luta pela paz, pela justiça e pela educação para todos, armada apenas com livros e canetas e ajudada por três crianças e uma cabra. Um malfadado mágico e um político corrupto que pretendem acabar com as escolas são os vilões da história, sempre ajudados pelos fundamentalistas.

"Burka Avenger" tocou na ferida de um país onde a percentagem de mulheres com mais de 15 anos que conseguem ler e escrever é apenas de 40.3% da população (em Portugal, a percentagem situa-se nos 93.6% e a média mundial nos 79.7%). E convém salientar que a história tem semelhanças com a de Malala Yousafzai, uma paquistanesa adolescente, activista pela educação das raparigas do seu país, e que sobreviveu, miraculosamente, a um atentado dos talibans, em Outubro de 2012, quando foi baleada na cabeça. Malala Yousafzai, transformada num ícone do activismo, discursou no mês passado na sede da ONU. 

Em declarações à AFP, Haroon Rashid, o criador da série, um cantor e compositor anglo-paquistanês, afirma haver planos para a tradução do programa (que estreou no Paquistão num canal privado a 28 de Julho) em 18 outras línguas.


O exemplo o estereótipo?
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Um programa infantil, num país onde a programação para crianças quase não existe, ainda para mais protagonizado por uma mulher - também elas sem voz voz na sociedade -, tem desencadeado reacções à escala mundial.

No primeiro episódio, a protagonista diz mesmo: "Se queres ser bem-sucedido, torna as canetas e os livros os teus melhores amigos". "Este é o meu tipo de super-herói", pode ler-se em múltiplas crónicas. "A reacção das pessoas tem sido absolutamente fenomenal, muito para além das nossas expectativas", disse também o cantor à AFP .

O disfarce através da "burka" tem sido, no entanto, uma escolha muito criticada. Muitos se perguntam o quão apropriado é o seu uso, geralmente considerado um símbolo de opressão, como ferramenta de promoção do fortalecimento do poder das mulheres. Rashid afasta as críticas: "Ela não usa a "burka" porque é oprimida. Ela usa-a, ela escolhe usá-la, para esconder a sua identidade, da mesma maneira que os outros super-heróis usam outros fatos para o fazer. Como a "Catwoman" ou o "Batman"", conta à CNN. O cantor também chama a atenção para o facto da protagonista não a usar sem ser em acção e acrescenta ainda que a "burka" faz parte da cultura do país, quer se queira, quer não.

A escritora paquistanesa Bina Shah tem sido uma das vozes que mais se tem insurgido, nomeadamente através do seu blog: "As jovens paquistanesas precisam de perceber que não é natural terem que viver escondidas para sentirem que têm uma presença na sociedade aceitável, segura… Ficarei horrificada se perceber que meninas pequenas começaram a usar a "burca" em imitação da sua heroína." Para a indiana NDTV, adianta: "A mensagem que gostaria que os criadores passassem era a de que, para fazer a diferença na sociedade, as mulheres não podem permanecer invisíveis enquanto se dedicam a uma luta, seja ela qual for."

Quanto à coincidência entre a história de Malala e a da série, Haroon Rashid afirma que já se encontrava a desenvolver o projecto quando a tragédia ocorreu, e que ficaram chocados, pois “parecia que a vida real estava a imitar a nossa ideia”, contou também ao Washington Post.


FONTE: P3.

terça-feira, 16 de julho de 2013

//gender|o|noise\\ - Workshop e Concerto de Tara Transitory no Porto

Tara Transitory é um(a) artista contemporâne@ conhecid@ pelo seu trabalho na área dos esteriótipos de género e temas transgénero. Tara, também identificad@ como One Man Nation, vem ao Porto dar um workshop e um concerto, actividades a não perder.

Mais informações:


* Workshop //gender|o|noise\\ | 19/07/2013 | La Marmita (Gaia) | 17h (4 horas) | 20€ - 25€

* Concerto One Man Nation | 20/07/2013 | Sonoscopia (Porto) | 21h |

Nota: o workshop está disponível apenas para pessoas que não se identifiquem como homem. Se, ainda assim, pessoas identificadas como homen estiverem interessadas em participar, devem comparecer vestidos de forma "feminina".

Nota: os interessados em participar no workshop devem inscrever-se no La Marmita via e-mail: la.marmita.prod@gmail.com ou ddmatthee@gmail.com.


"Tara Transitory surge num contexto contrahegemónico, onde através da música experimental procura a sua liberdade individual (e espiritual), recusando tomar partido de uma sociedade baseada no determismo biológico. Transitory nasceu em Singapura em 1982, sendo chamad@ à nescença de Marc Chia Xiangrong. A sua carreira musical começou em 2003 como "punk rocker" como nome artístico de Marcos Destructos. Tem desde então trabalhado e conquistado reconhecimento em diversos países da Austrália à Europa com projectos como "One Man Nation's Rained, Bullets It Rained" (2007), "Voluntary Human Extinction" (2007) ou "The Future Sounds Of Folk" (2008), frequentemente em colaboração com outros artistas. Transitory dedica-se ainda ao trabalho ligado às comunidades transgender/queer da Ásia e de Espanha quanto dirige a sua associação de apoio às artes experimentais, The Unifiedfield, fundada em 2010 e actualmente localizada em Granada, Espanha. A solo continua a desenvolver o seu projecto musical One Man Nation, projecto este que irá ser apresentado na cidade do Porto, dia 20 de Julho de 2013 na associação/plataforma Sonoscopia, e tem vindo também a ministrar um workshop, o qual intitula de "gender-o-noise" e que dinamizará no La Marmita, cais de Gaia (Porto), no dia 19 de Julho, um evento organizado pelo GATA."